Um planejamento de meses, prestes a se realizar, acabou indo por água abaixo para Michele Cristina Fernandes, 27 anos, moradora de Pinhais. O sonho dela? Se casar. Em fevereiro deste ano, recebeu o tão esperado pedido do namorado Fernando que, após isso, passou a ser o noivo. Tudo ia bem e a expectativa era cada vez maior. A família, os amigos, colegas de trabalho, todos ansiosos pelo casamento. Mas, sem mais nem menos, a notícia de demissão jogou um balde de água fria em tudo aquilo que Michele desenhava mentalmente. A jovem foi dispensada do trabalho depois de passar por uma cirurgia – ainda em recuperação, sem poder fazer força, acabou perdendo o emprego.
O pontapé inicial já havia sido dado, os fornecedores se preparavam para a data, mas, como pagar por tudo isso estando desempregada? A solução foi cancelar. “Eu trabalhava em uma lanchonete e, sem salário, não dava pra ter festa. Seria só um casamento formalizado, mas sem comemoração. Fiquei muito chateada. Eu e meu noivo brigamos por isso. Acabei não sabendo lidar com a situação e fiz uma postagem no Facebook”.
A publicação a qual Michele se refere foi um comunicado em um grupo de noivas. Por meio da internet, ela avisou que não poderia arcar com os custos e pediu desculpas pelo inconveniente. “Me senti mal por ter tomado o tempo dessas pessoas”, explica. Felizmente, a tristeza duraria pouco tempo.
Mudança repentina
Para a surpresa de Michele e do noivo, o desespero e a lamentação deram espaço a um gesto de solidariedade que traria de volta toda a esperança do sonho de menina. Uma desconhecida passou a trocar mensagens com o casal, dizendo que não poderia deixar tudo isso acontecer. Era a cerimonialista Joseane Schanoski, que mora no Cajuru, em Curitiba.
“Vi a postagem e, como sempre tive vontade de ajudar, aquilo acabou mexendo comigo. Casar é um desejo de toda a mulher. Me propus a ser a responsável pelo cerimonial do evento e também comecei a entrar em contato com amigos e conhecidos, fornecedores em geral. Agora já conseguimos várias pessoas que se disponibilizaram a ajudar. Estamos prontos para fazer o casamento da Michele”, afirma, orgulhosa.
Entre os serviços e produtos já garantidos estão: maquiagem, filmagem, sessão de fotos, convites, lembranças, doces, buquê, além de dois garçons, dois DJs e a decoração, tanto para a igreja quanto para o salão.
Para a maquiadora Sol Rogembaum, que também viu a postagem no Facebook, não havia como não ajudar. “Vi a Michele desmarcando e agradecendo, achei muito honesto da parte dela – até porque muitas pessoas, quando cancelam, não agradecem e acabam nem desmarcando. Me comovi e disse que, independentemente de ter festa ou não, eu daria o dia da noiva para ela”.
Time de voluntários
Mais de dez pessoas, das mais variadas profissões, fazem parte do grupo de voluntários responsável por arquitetar e executar o casamento, que será celebrado no próximo dia 19 de novembro. “É de uma frustração enorme sonhar a vida inteira e, no momento, ver que não vai poder realizar. Mas, perceber que a união de pessoas é capaz de ajudar, é algo muito gratificante”, explica Cris Lima, empresária do ramo de decoração.
Para expressar o agradecimento, Michele quase fica sem palavras. “Nem todas as palavras do mundo são o suficiente para eu agradecer esse pessoal. Esse dia vai ser especial para todos. Vou lembrar deles para o resto da vida. Ganhei fadas madrinhas e fadas padrinhos”, brinca.
A festa, para 130 pessoas, só não conta ainda com salgados e bebidas. Caso alguém tenha interesse em colaborar, pode entrar em contato com a Joseane, pelo telefone (41) 9157-4338.
Como a ideia tem dado certo, Joseane, com os amigos, estuda promover outros casamentos e festas de 15 anos para pessoas que não tenham condição de bancar o evento.