Pinhais Piraquara RMC

Bagunça “suportável”

Povo não vê a hora do término da obra de duplicação da Rodovia João Leopoldo Jacomel, que vai atrasar em alguns meses

Toda obra causa transtornos, barulho e sujeira. Mas se for pra melhorar, até dá pra aturar. É desta forma que a maioria dos moradores dos bairros Vila Amélia e Maria Antonieta, em Pinhais, e também de Piraquara, pensa a respeito da duplicação da Rodovia João Leopoldo Jacomel. Mas desde que os prazos sejam cumpridos. A obra começou no início do ano passado e a promessa era de ficar pronta em dezembro. Mas, pelo andar da carruagem, a população já sabe que a data não será cumprida. Por isto, já está todo mundo de olho e cobrando a conclusão. Responsável pela intervenção, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), admitiu o atraso no cronograma e promete a entrega para até junho de 2018.

A Tribuna rodou toda a extensão da rodovia. Da divisa de Curitiba com Pinhais, até próximo ao Expotrade e o Carrefour, a duplicação já está pronta e devidamente sinalizada. Mas, a partir deste ponto, está a parte mais trabalhosa da obra: a construção de um viaduto, que vai ligar a Vila Amélia e o Maria Antonieta à rodovia com segurança. Neste ponto o trilho do trem cruza a rodovia e diversos acidentes, inclusive com óbito, já aconteceram.

Dione: mortes no trilho.
Dione: mortes no trilho.

Dione Villas Boas Furquim, organizadora de eventos, mora a poucos metros da obra do viaduto e já cansou de presenciar mortes no trilho. Por isso, acredita que as obras vão melhorar muito a segurança no trânsito. O pó da obra também incomoda muito e não dá para deixar as janelas abertas. Inclusive seu filho deixou de morar por uns tempos ali com a mãe, porque não estava suportando a rinite. Apesar de tudo, Dione acredita que as coisas vão ficar boas. “Já faz 40 anos que moro aqui. Quando cheguei, não tinha nada, nem asfalto. E agora, aos poucos, o bairro está se desenvolvendo”, analisa.

Mariana: tudo para melhor.
Mariana: tudo para melhor.

A auxiliar de serviços gerais Mariana Prado, 31, também está incomodada com as obras, mas concorda que tudo será para melhor. “Por enquanto, é muito transtorno. É muito escuro à noite, cada dia o desvio é num lugar diferente. Venho de Piraquara, o ônibus atrasa bastante, pois não é só aqui que tem obras. Lá pra frente (entrada de Piraquara) também tem. E o pior é que não tem previsão de quando vai terminar”, diz.

Jefferson: clientela pode cair.
Jefferson: fim dos engarrafamentos.

Entre os comerciantes, alguns reclamam que a clientela caiu, outros não sentiram muito a diferença. É o caso de Jefferson Sato, 51 anos, dono de uma loja de autopeças. Também não sabe se, com a conclusão das obras, ele terá mais fregueses, pois o trânsito vai passar muito ligeiro na frente do comércio dele. “Talvez eu tenha que investir numa boa propaganda”, diz. Mas ele acredita que, no geral, a rodovia duplicada vai acabar com os engarrafamentos dos horários de pico. “Só chegando ali no Tarumã (em Curitiba) que vai engarrafar, porque o trânsito afunila ali”, verifica.

Nada com coisa nenhuma

Trafegando pela rodovia, a Tribuna encontrou uma passarela de pedestres no “meio do mato”. Não há casas e comércios em nenhum dos lados da rodovia, apenas mato. Por isto, não fica compreensível porque foi construída uma travessia, num local onde quase não há transeuntes que desejem atravessar de um lado a outro.

Mais para frente, próximo à Rua Betonex, há outra passarela, que ainda está sendo construída. Esta, pelo menos, fica na saída do Jardim Holandês, onde há muitos moradores. Já na “beirada” da Vila Amélia e do Maria Antonieta, onde há muitas casas e comércios, não há nenhuma travessia de pedestres.

Sobre a travessia, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), responsável pela obra, informou que a localização das passarelas foi discutida e aprovada em conjunto com as prefeituras e que, à beira dos bairros Vila Amélia e Maria Antonieta, serão feitas faixa de pedestres.

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

Paciência!

A construção do viaduto na Rodovia João Leopoldo Jacomel, em Pinhais, quase em frente ao mercado Carrefour, vem deixando o trânsito bem confuso. Mas, conforme um dos funcionários da obra, que pediu para não ser identificado, quando as obras estiverem prontas, o trânsito vai fluir muito melhor. Primeiro porque nenhuma rua mais vai cruzar o trilho do trem. Quem estiver seguindo sentido Curitiba ou Piraquara, passará por cima do viaduto e o trajeto não terá semáforos até Piraquara, o que permitirá a fluidez e rapidez do tráfego.

Já quem desejar acessar os bairros, ou sair dos bairros e pegar a rodovia, poderá utilizar uma rotatória, que será feita embaixo do viaduto. Do lado da Vila Amélia, todas as ruas continuarão acessando diretamente a rodovia. Já do lado do bairro Maria Antonieta, nem todas darão acesso direto. Será necessário pegar a via marginal, para depois pegar algum retorno ou acesso à estrada.

Passando o ponto de obras do viaduto, a duplicação e asfalto novo estão prontos, faltando apenas a sinalização. Em todos os trechos prontos há três faixas de rolagem, em ambos os lados da rodovia. Chegando na altura da Rua Betonex, o alargamento, até o Contorno Leste, já foi concluído e a pavimentação está sendo feita. Mas depois do Contorno, as obras ainda estão bem no início. O tráfego ainda funciona em mão dupla, na estrada antiga, enquanto uma estrada nova ao lado ainda está sendo aberta e aplainada. Pelo visto, nesse trecho, as obras ainda vão demorar bem mais.

A previsão de entrega das obras era dezembro de 2017. Mas segundo um funcionário da obra, o período de chuvas recente atrapalhou muito, pois os locais por onde os operários estavam trabalhando ficaram alagados e foi preciso aguardar a secagem natural (evaporação e absorção do solo). Em nota, o Departamento de Estradas e Rodagem (DER) informa que “a obra deve ser concluída no primeiro semestre de 2018 de acordo com o cronograma atual. No momento, as obras em Piraquara estão na fase de conclusão dos serviços de drenagem e início dos procedimentos de pavimentação”.

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

Trilhos no caminho

Outra questão que interrompeu a construção do viaduto, conforme contou uma comerciante próxima, que não quis se identificar, foi o trilho do trem. Como o viaduto passa por cima dos trilhos, foi preciso autorização da empresa gestora da ferrovia. Como houve uma mudança recente da companhia administradora, a autorização demorou a sair. Enquanto isso, a construtora fez a parte do viaduto antes e depois e deixou o “buraco” em cima dos trilhos, até que as questões burocráticas fossem resolvidas.

Apesar das observações dos operários e comerciantes sobre a questão dos trilhos, o DER nega qualquer problema. “Não há imbróglio entre o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR) e a Rumo. O DER sempre teve um diálogo permanente e pacífico para a aprovação do projeto de construção do viaduto sobre uma área de faixa de domínio da Rumo. Os procedimentos administrativos entre as partes foram feitos em comum acordo e encaminhados para anuência na ANTT. Após a anuência da autarquia federal, será dada continuidade dos serviços no local”, esclarece o DER, em nota enviada à Tribuna.

Confira a galeria de fotos da obra:

Sobre o autor

Giselle Ulbrich

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