Fanny Lindóia

Patrulha do lixo

Escrito por Magaléa Mazziotti

Seja do lado do bairro Fanny, seja no Lindóia, quem mora ou vive ao longo da extensa Avenida Henry Ford sabe o quanto o descarte irregular de entulhos e animais mortos gera um problema para toda comunidade. A via, que possui um córrego que também atravessa os dois bairros, parece ser um convite à falta de consciência, já que frequentemente são despejados resíduos de todos os tipos, incluindo animais mortos. A exceção fica no trecho entre as ruas Coronel Aníbal dos Santos e General Teodorico Guimarães, graças ao trabalho da própria comunidade, que formou uma espécie de “patrulha do lixo”.

O comerciante Ruy Gonçalves Silva, 42 anos, explica que cuidar da frente da região em frente ao estabelecimento de sua família, o Mercado Suez, foi a maneira de se livrar do mau cheiro provocado pelo córrego e da proliferação de ratos e pernilongos. “Minha família tem o mercado há 60 anos e chegou a um momento em que a vizinhança desse trecho desistiu de esperar por uma ação do poder público e começou a fazer sua parte, cortando o mato para evitar que isso atraísse o lixo para cá”, conta. Todo início de mês, ele desembolsa cerca R$ 150 para a roçada. “Sei que isso deveria ser feito regularmente pela prefeitura, mas não quero arriscar ter enchente aqui. O córrego daqui faz parte da Bacia do Canal Belém, eu lembro que minha avó lavava roupa aqui, mas o abandono e esse pouco caso de jogar entulho em qualquer lugar tornou tudo poluído”, aponta.

Comunidade resolveu fazer aquilo que a prefeitura não faz como deveria. Foto: Ciciro Back
Comunidade resolveu fazer aquilo que a prefeitura não faz como deveria. Foto: Ciciro Back

A iniciativa de Ruy tem eco. O estudante e vendedor Victor Caldeira, 16 anos, e o estudante Gustavo Matoso, de 19 anos, dão sequencia ao corte do mato nos respectivos endereços. “Início de mês eu venho cortar o mato da avenida na parte frente da casa da minha avó e isso já melhorou muito a paisagem daqui, pois é um trecho que o pessoal evita largar qualquer coisa”, explica Victor. “A comunidade tem que se ajudar, pois isso também evita uma série de doenças, como dengue”, complementa Gustavo.

Despejo de lixo gera mau cheiro e polui o rio. Foto: Ciciro Back
Despejo de lixo gera mau cheiro e polui o rio. Foto: Ciciro Back

O bom exemplo desse trecho da Avenida Henry Ford ainda custa a ser estendido por toda a avenida. Basta andar mais um pouco para sentir o mau cheiro e observar uma série de entulhos, de móveis a vasos sanitários, em meio ao matagal. A prefeitura e a Regional Portão informam que recentemente foi realizada roçada na Av. Henry Ford e que encaminhará equipe para identificar o problema e, se necessário, programar uma ação de limpeza. Cidadão que flagrar um caminhão despejando entulho deve anotar a placa e denunciar pelo fone 156.

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Magaléa Mazziotti

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