Curitiba

Venci o câncer!

A mãe da gerente de sustentabilidade Cristiane Lourenço dos Santos, 34 anos, teve câncer duas vezes, uma vez com 34 anos e outra com 49 anos. Em ambos os casos, ela fez quimioterapia. Por conta desses dois episódios, Cris resolveu investir no exame de sequenciamento genético. Através dele, ela descobriu que tinha 80% de chance de desenvolver um câncer de mama. No primeiro momento, optou por fazer um acompanhamento que durou cinco anos. Com o passar do tempo, as biópsias aumentaram e então resolveu fazer a mastectomia preventiva.

“Eu fico feliz por ter a chance de não ter a doença. Algo que minha mãe não teve, por exemplo. Eu fiz um acompanhamento durante muitos anos, e quando notei que ’o tempo todo’ eu ia para a biópsia por conta de nódulos que apareciam, eu resolvi fazer a mastectomia. A minha tia resolveu fazer somente o acompanhamento e acabou desenvolvendo o câncer. A minha cirurgia é recente, mas sinto que foi para o bem. Estou feliz”, relata, emocionada.

“Eu fico feliz por ter a chance de não ter a doença”, afirma Cristiane. Foto: Arquivo Pessoal
“Eu fico feliz por ter a chance de não ter a doença”, afirma Cristiane. Foto: Arquivo Pessoal

No Brasil, o sequenciamento genético é feito apenas em grandes laboratórios e o preço varia de R$ 2 mil (sequenciamento de 20 genes) a R$ 5 mil (40 genes).

Ao contrário de Cristiane, o câncer de Sirlene se desenvolveu por conta de um tratamento hormonal. “Meu câncer foi inesperado. Em um exame de rotina, eu percebi um sinal diferente. Eu já tinha cistos e fui encaminhada para um mastologista. A princípio, foi uma surpresa, porque eu não tenho ninguém na família que teve um câncer de mama.

Inclusive, eu tenho uma irmã gêmea que não tem nada. Acreditamos que o motivo do câncer foi uma reposição hormonal, por conta de uma menopausa precoce. Foram 13 anos tratando, e o hormônio desenvolveu os tumores. Os dias foram difíceis, mas passou”, conta, sorridente, a psicóloga Sirlene Costa.

Autoestima

Mas apesar dela ter vivido uma época difícil, hoje é só alegria. Por conta de um projeto incrível desenvolvido pela tatuadora Bárbara Nhiemetz, de Curitiba, hoje a autoestima voltou a ser como antes. “Me olhar no espelho, e ver aquela tatuagem ali, é motivo de orgulho. Eu venci o câncer”.

“Os dias foram difíceis, mas passou”, diz Sirlene, que teve ajuda da Bárbara pra fazer uma tatuagem sobre o local da cirurgia. Foto: Gerson Klaina.
“Os dias foram difíceis, mas passou”, diz Sirlene, que teve ajuda da Bárbara pra fazer uma tatuagem sobre o local da cirurgia. Foto: Gerson Klaina.

O projeto “Cores que acolhem” surgiu quando Bárbara se deparou com o filho recém-nascido doente. Depois de passar dias e dias nos hospital, ela resolveu que precisava “fazer alguma coisa para ajudar” e foi aí que a ideia do projeto “Cores que acolhem” apareceu. Além do filho, outra motivação foi a mãe, que teve câncer de mama, e deu o maior apoio ao projeto, que é gratuito e faz muitas mulheres voltarem a sorrir.

“O projeto ’Cores que acolhem’ tem a intenção de resgatar a autoestima das pacientes que tiveram câncer de mama. Algumas vêm para fazer a reconstituição do mamilo através da técnica 3D, ou até mesmo cobrir alguma cicatriz, como foi o caso da Sirlene. Elas têm toda a questão emocional, porque o câncer abala muito, e quando elas entram aqui eu sempre falo: olha essa cicatriz, porque é a última vez que você vai ver ela assim”, conta a tatuadora.

Para quem quer participar é preciso esperar um período de um ano após o câncer. Depois disso o médico deve liberar a paciente para ser tatuada através de um laudo. Por fim, a paciente escolhe a arte. O projeto completou dois anos e quase 100 mulheres já recomeçaram histórias através de tatuagens.

Bárbara, a repórter Luiza e Sirlene. Foto: Gerson Klaina
Bárbara, a repórter Luiza e Sirlene. Foto: Gerson Klaina

Serviço:
Projeto Cores que Acolhem
Gratuito
Rua Visconde do Rio Branco, 1833
Loja D – Centro – (41) 99105-0288

Previna-se

O câncer de mama, atualmente, é o tipo da doença mais comum entre as mulheres. Em 2015, dado mais atualizado, 15 mil mulheres morreram por conta da doença, segundo o Ministério da Saúde. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o câncer de mama não atinge somente mulheres com mais de 40 anos. Acima dessa idade, os riscos aumentam e é preciso fazer a mamografia uma vez por ano. Já as mais jovens, devem prestar atenção aos sintomas que a doença provoca.

“Mulheres acima de 40 anos devem fazer rigorosamente a mamografia uma vez ao ano”, orienta o dr. José Clemente. Foto: Átila Alberti
“Mulheres acima de 40 anos devem fazer rigorosamente a mamografia uma vez ao ano”, orienta o dr. Linhares. Foto: Átila Alberti

O oncologista José Clemente Linhares, do Hospital Erasto Gaertner, alerta que 15% dos casos registrados acontecem em mulheres com idade inferior a 40 anos. Segundo ele, o caso mais jovem que já acompanhou foi o de uma menina de apenas 17 anos. “O meu principal conselho é que as mulheres acima de 40 anos façam rigorosamente a mamografia uma vez ao ano. Existem também fatores que contribuem, como: ter filhos após 30 anos, reposição hormonal por conta de uma menopausa e também a primeira ou última menstruação muito precoce. Além disso, há risco por conta de álcool, cigarro e, claro, histórico familiar”, orienta.

A boa notícia é que hoje a oncogenética permite que as mulheres tenham mais chance de não ter a doença. Isso porque a cada dez casos, um é genético, e hoje existem exames para que esses casos genéticos possam ser evitados e acompanhados por especialistas. Mas como funciona?

Segundo o oncogeneticista José Casali, também do Erasto Gaertner, existe um exame chamado “painel de genes” – aquele que a Angelina Jolie fez em 2013 – e que pode ajudar na prevenção do câncer de mama e outros tipos da doença. Basta uma pessoa da família ter a doença, em determinada idade, para que o teste genético seja indicado. Isso porque ela pode ter se desenvolvido por conta de fatores hereditários.

Mas para fazer o exame, você deve se enquadrar em um desses três grupos: uma pessoa da família teve câncer com menos de 45 anos de idade; duas pessoas na família tiveram câncer, lado materno ou paterno, com menos de 50 anos; ou três casos de câncer em parentes de primeiro e segundo grau, no mesmo lado da família, em qualquer idade.

“’Painel de genes’ pode ajudar na prevenção”, aponta o dr. José Casali. Foto: Átila Alberti
“’Painel de genes’ pode ajudar na prevenção”, aponta o dr. José Casali. Foto: Átila Alberti

Depois do exame feito através de saliva ou sangue, uma análise genética começa e o exame indica uma porcentagem do câncer surgir. “Por exemplo, se o exame apresentar mais de 50% de chance, o paciente já é indicado a fazer uma mastectomia – cirurgia de retirada da mama. Caso não queira retirar, um acompanhamento de evolução mais específico deve ser feito de com ultrassom, mamografia e ressonância magnética a cada seis meses. Ao longo desse período, um nódulo pode aparecer e pode ser maligno, ou seja, um câncer. Por isso indicamos a mastectomia em determinados casos, onde isso é evitado”, explica Casali.

Sintomas do câncer de mama

– Nódulos
– Saída de líquido pelo bico do peito (líquido claro ou sangue)
– Retração do mamilo
– Nódulo da axila
– Retração da pele

Sobre o autor

Luiza Luersen

(41) 9683-9504