Curitiba

É mais embaixo!

Incontáveis buracos ou remendos que, pela quantidade, fazem o asfalto parecer uma verdadeira colcha de retalhos. É nestas condições que os motoristas encontram as ruas de muitos bairros de Curitiba. Situação que expõe a população a riscos de acidentes de trânsito e que também gera prejuízos financeiros com a manutenção dos veículos.

Jorge: tem que passar devagarzinho. Foto: Felipe Rosa
Jorge: tem que passar devagarzinho. Foto: Felipe Rosa

Trabalhando há mais de 10 anos na Rua Conde de São João das Duas Barras, no Hauer, o profissional de logística Jorge Moisés Guimarães, 50 anos, confirma que a buraqueira que existe nas ruas do bairro traz transtornos para quem circula pela região e gastos extras para as empresas. “Passar aqui é bem ruim, seja de carro ou com os caminhões da empresa. Tem que passar devagarzinho, senão estraga mola, pneu e suspensão. E em dias de chuva é ainda pior, dá para vir de barco. Esses dias eles taparam os buracos, mas esta rua que recebe um fluxo grande de veículos, sempre foi ruim”, diz.

Motoristas reclamam do estado da Rua Professor José Nogueira dos Santos. Foto: Felipe Rosa
Motoristas reclamam do estado da Rua Professor José Nogueira dos Santos. Foto: Felipe Rosa
Rua Paulo Setubal. Foto: Felipe Rosa
Rua Paulo Setubal. Foto: Felipe Rosa

Insatisfação compartilhada pelo motorista Jean de Lima, 24. “A rua de trás (Rua Professor José Nogueira dos Santos) não tem nem asfalto e essa, a Rua Conde de São João das Duas Barras, é cheia de remendos. É bem ruim dirigir por aqui. Volta e meia um pneu ou uma peça estragam. Mas a prefeitura vem e só tapa os buracos, que logo abrem de novo”, relata. Na região, ainda são alvos de reclamações as ruas Paulo Setúbal e Coronel Antônio Ricardo dos Santos.

Situação também é crítica na Rua Coronel Antônio Ricardo dos Santos. Foto: Felipe Rosa
Situação também é crítica na Rua Coronel Antônio Ricardo dos Santos. Foto: Felipe Rosa

E os problemas na pavimentação se estendem por outros bairros. No Xaxim, vias como a Octacyr Reinaldo Mion também colecionam buracos. “É complicado, eles tapam com uma ‘casquinha’ de asfalto, que não dura nada. Agora até está melhor, mas há três meses, os carros eram obrigados a quase andar pela calçada. Eles tinham que passar um asfalto novo por estas ruas, passa a eleição e eles esquecem a gente”, relata o aposentado Vilmar Valter Gaioves, 59, que mora na região.

Rua Octacyr Reinaldo Mion, no Xaxim, está bem esburacada. Foto: Felipe Rosa
Rua Octacyr Reinaldo Mion, no Xaxim, está bem esburacada. Foto: Felipe Rosa

Situação crítica

Questionada sobre a atual situação das ruas, a prefeitura reconhece que a situação é crítica em todas as regiões da cidade, muito por conta do passivo acumulado desde o ano passado. Segundo a administração municipal, no final do ano de 2016, não havia nenhuma equipe fazendo o trabalho de manutenção das ruas. “Atualmente há 83 equipes, mas o número ainda não é o ideal. Para uma cidade do porte de Curitiba, o número mais adequado seria de no mínimo 140”.

Para solucionar a questão, a prefeitura alega que precisa “resolver o grave problema financeiro para ter condições de voltar a contratar mais serviços de manutenção, recuperar o passivo e manter as ruas em bom estado de circulação”. A administração condiciona a solução ao Plano de Recuperação de Curitiba, aprovado no início desta semana pelos vereadores.

Sobre reclamações de pavimentos, a orientação à população é fazer reclamações via 156 e pelas audiências públicas promovidas nos 75 bairros. Nestes encontros, os moradores podem sugerir quais são as prioridades para a região onde moram.

Rua Octacyr Reinaldo Mion, no Xaxim. Foto: Felipe Rosa
Rua Octacyr Reinaldo Mion, no Xaxim. Foto: Felipe Rosa

Asfalto mais barato

Nas ações de recuperação que acontecem nas ruas da capital tem sido utilizada a massa asfáltica produzida na Usina de Asfalto Engenheiro Gilberto Bueno Coelho, no Abranches (Usina de Asfalto Norte), que voltou a funcionar no dia 21 de março. Com a reativação da unidade, segundo o município, aumenta a capacidade de recape de ruas e o custo com pavimentação será reduzido em cerca de 30%. Para este ano, a previsão é que a Usina de Asfalto Norte produza 60 mil toneladas de massa asfáltica, o equivalente a 40 quilômetros de pavimento.

Sete ruas já receberam o asfalto produzido pela Usina de Asfalto Norte e pela recicladora de asfalto: Hipólito da Costa, no Boqueirão; Vereador Ângelo Burbello, no Umbará; Goiânia, no Cajuru; Raggi Izar, no Boqueirão e Hauer; Fernando de Souza Costa, no Portão; Engenheiro João Kloss e Jornalista Emílio Zolá Florenzano, no Tatuquara. A extensão dos trabalhos envolve 8.145 metros de asfalto novo.

Em maio deste ano foi iniciada a implantação de asfalto em 16 ruas de saibro da cidade, nos bairros Santa Felicidade, Santo Inácio, Butiatuvinha, CIC, Pinheirinho, Capão Raso, Tatuquara e Cajuru. De acordo com a prefeitura, as obras são executadas pela Secretaria de Obras Públicas e Infraestrutura com investimento de R$ 2 milhões, recursos de emendas dos vereadores,

As 16 ruas que serão pavimentadas

Regional Santa Felicidade
– Rua Pedro Leitoles, entre a Rua Olívia Coraiola e final de rua. Extensão 59 metros. Bairro Santo Inácio
– Rua Engenheiro Ronald Machado da Luz, entre Desembargador Edson N. de Lacerda e Francisco Fay Neves. Extensão 100 metros. Bairro Santa Felicidade
– Rua Hellena Betecek, entre o viaduto (pavimento existente) e Rua Domingos Benatto. Extensão de 200 metros. Bairro Butiatuvinha

Regional CIC
– Rua Pedro Driessen Filho, toda a extensão. Entre o pavimento existente e a Rua Rosa Rigoni Landal. Extensão de 101 metros. Bairro CIC.

Regional Pinheirinho
– Rua Emílio Leão de Mattos Sounis, entre João Lemos dos Santos e Casemiro Tobias Oldakowski. Extensão de 322 metros. Bairro Pinheirinho.
– Rua Odair Pazello, entre a Rua José Alcides de Lima e marginal córrego (Rua Mário Salgado Ribeiro). Extensão de 111 metros. Bairro Capão Raso.

Regional Tatuquara
– Rua Pero Vaz de Caminha, entre a Rua Jornalista Silvino Alves Batista e Travessa Valtemir Suhevits. Extensão de 140 metros. Bairro Tatuquara.

Regional Cajuru
– Rua Engenheiro Abrão Fuks, em toda a extensão, entre a Rua Wilson Teixeira e Travessa Valentim G. Serenato. Extensão de 59 metros. Bairro Cajuru.
– Rua Angela Schoseki Pereira, em toda a extensão, entre a Rua Genésio de Souza Nunes e final de rua. Extensão de 68 metros. Bairro Cajuru.
– Rua Antonio Osni Rocha, entre a Rua Teófilo Otoni e a Avenida Florianópolis. Extensão de 170 metros. Bairro Cajuru.
– Rua Genésio de Souza Nunes, entre a Rua Teófilo Otoni e Avenida Florianópolis. Extensão de 70 metros. Bairro Cajuru.
– Rua Isauro Trinco, entre a Avenida Florianópolis e a Rua Pedro Violani. Extensão de 182 metros. Bairro Cajuru.
– Rua José Cândido Jorge, entre as ruas Genésio de Souza Nunes e Colombina Naide, extensão de 94 metros. Bairro Cajuru.
– Rua Takeshi Toga, entre as ruas Genésio de Souza Nunes e Colombina Naide, extensão de 94 metros. Bairro Cajuru.
– Travessa Laurindo Antônio Segalla, em toda a extensão, entre as ruas Antonio M. Lopes e João Tobias de Paiva Netto. Extensão de 286 metros. Bairro Cajuru.
– Travessa Valentim Guido Serenato, em toda a extensão, entre a Rua Engenheiro Abrão Fuks e Travessa Emanoel Folquening. Extensão de 60 metros. Bairro Cajuru.

Sobre o autor

Paula Weidlich

(41) 9683-9504