Curitiba

O Dono da voz

Escrito por Pedro Menck

Um homem do rádio. Natural de Santo Antônio da Platina, Benedito Martins é um verdadeiro contador de histórias. Com um humor ótimo, diverte a todos ao seu redor. Outra habilidade é de escrever poemas e poesias e declama-las de forma emocionante, como a história do cachorro que se sacrificou para salvar sua vida. Muito religioso, ele brinca que é fã de São Benedito que tem o mesmo nome que o seu, mas é devoto fervoroso de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

“Jornalismo é uma das melhores profissões”. Mais conhecido como Benê Martins, o senhor de 87 anos se declarou como um “colaborador” do jornalismo. Foram quase 60 anos dedicados ao rádio. E o começo não foi de forma comum. “Era inauguração de uma piscina em Cambará e colocaram um alto-falante. Não tinha ninguém para apresentar e me chamaram”, conta às gargalhadas. Inaugurações e apresentações de eventos foram tantas que não tem como se lembrar de todas, mas conta, orgulhoso, de uma que não esquece. “Eu participei da inauguração do canal 12”.

Trabalhou na primeira rádio de Cornélio Procópio, a rádio Sociedade Cornélio Procópio, prefixo ZYR-5, onde apresentou um programa de sua autoria, o “Varandão da Casa Grande”. Já em Curitiba trabalhou nas rádios Clube, Paraná, Cultura e outras. Encerrou a carreira na Rádio Evangelizar há cerca de oito anos. Participou da criação da rádio Tapajós em São José dos Pinhais, em 1960, onde levou e apresentou o seu programa durante treze anos. Muito detalhista e perfeccionista, sempre gostou de organizar o material de trabalho. Ainda hoje guarda muita coisa utilizada na época, todas feitas à mão. Entre os itens, fitas K7 com mensagens de otimismo que ele mesmo gravava, fazia toda a arte, vendia e até entregava.

Do rádio pra Sunab

Paralelamente a atividade radiofônica, trabalhou no Instituto Brasileiro do Café (IBC) até o seu fechamento, local em que colecionou várias histórias que também gosta de contar. Depois foi para a Superintendência Nacional do Abastecimento (Sunab), que ele mesmo define como “O temido 198”, em alusão ao telefone que aparecia em placas de supermercados e bares e que recebia ligações para qualquer tipo de atendimento aos consumidores. Aposentou-se na Sunab.

Apaixonado pelo rádio, Benê chegou a fazer um curso para aprender a desmontar e consertar os aparelhos. Sua esposa duvida que ele consiga, mas ele afirma que se tiver o material, é capaz de aplicar os aprendizados. Questionado se ainda ouve rádio, ele responde. “Hoje eu só tenho um para ouvir jogo. Quero um que toque fita K7”. A camisa do Coritiba deixa evidente seu gosto pelo futebol e ele se declara como “o pior goleiro de Cambará e Cornélio Procópio”.

Sobre o autor

Pedro Menck

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