Curitiba

Prontos pra ação

O feriado de 21 abril serve para lembrar a morte de Joaquim José da Silva Xavier, que ficou mais conhecido na história como Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira. Tiradentes lutou pela liberdade e soberania nacional brasileira. E é por defender estes ideais que acabou recebendo o título de patrono das Polícias Militar e Civil. Como amanhã é comemorado o Dia do Policial, a Tribuna do Paraná conversou com representantes das duas corporações para mostrar o passo a passo do atendimento de uma ocorrência.

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O chamado inicial

A partir do momento que uma pessoa é vítima de um crime, a ocorrência percorre um longo caminho dentro da Polícia Militar, até que a viatura chegue ao local. A “porta de entrada” de tudo é a Central do 190, que é o telefone de emergência da PM. Os atendentes fazem uma triagem, verificando se é de fato alguma ocorrência destinada à PM e qual é o grau de prioridade de atendimento (se há alguma pessoa em risco, se há uma situação de flagrante, entre outras).

O major Olavo Vianei, chefe da Central de Operações Policiais Militares (Copom), explica que 80% das seis mil ligações diárias recebidas no Paraná não são de natureza policial. “Há pessoas que ligam para fazer reclamações de outros setores públicos, pedem informações de endereços, de saúde, pedidos de guincho, sem contar os trotes, que correspondem a 12% deste total”, revela. Apenas 20% das ligações ao 190 geram o deslocamento de uma viatura. Ainda assim, explica Vianei, 80% delas são ocorrências de menor potencial ofensivo, ou seja, de crimes mais brandos, que não trazem risco às vítimas e que não precisam de encaminhamentos à delegacia (como prisões em flagrantes e apreensões).

Foto: Felipe Rosa
Tenente Marcelo é chefe de cartório do 12.º Batalhão. Foto: Felipe Rosa

Direto pros juizados

Um trabalho feito pela Polícia Militar tem desafogado bastante os procedimentos dentro das delegacias de Polícia Civil. Agora, em todos os batalhões da PM, a polícia mantém cartórios, onde recebe os casos de menor potencial ofensivo, já os registra e manda direto para o Judiciário. Os envolvidos já saem do cartório da PM com a data de audiência nos Juizados Especiais marcada. Tudo é feito de forma eletrônica, sem processos em papel.

Segundo o chefe de cartório do 12.º Batalhão, tenente Marcelo Miguel, apenas em crimes menos graves (como uso e posse de drogas, briga de vizinho, ameaças verbais, vias de fato, rixa, dano ao patrimônio, desacato, entre outros), que a legislação manda registrar termo circunstanciado (TC). Já nos casos mais graves (como roubos, homicídios, tráfico de drogas, porte de arma e outros crimes que demandam a prisão dos suspeitos), o caso tem que obrigatoriamente ser registrado pela Polícia Civil em forma de boletim de ocorrência (BO). Cada batalhão da PM registra 2 ou 3 três TCs por dia.

Do rádio pra rua

Assim que a central 190 faz uma triagem do telefonema e verifica que se trata de uma ocorrência policial e que demanda a presença da PM, manda uma viatura ao local. Segundo a tenente Thaislainy Scolaro, coordenadora de policiamento de unidade (CPU) do 12.º Batalhão, o Copom verifica quais são as viaturas disponíveis na área e encaminha a demanda via rádio.

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

Quando a viatura chega ao local, os policiais informam se há alguma vida em risco. O objetivo principal é salvar vidas e resguardar a integridade das pessoas. Depois disso, a prioridade é a prisão de suspeitos, que porventura ainda estejam no local ou nas proximidades. Em terceiro lugar vêm a orientação e conforto às vítimas.

Thaislainy explica que, muitas vezes, as pessoas ficam muito nervosas e não conseguem dar informações precisas sobre o ocorrido. “Pedimos que as pessoas se acalmem, pois junto aos policiais elas já estão seguras. Em seguida, que passem a maior quantidade de dados possíveis, para que possamos ir em busca dos suspeitos”, orienta.

Se não há necessidade de resguardar a vida de ninguém, nem de prender suspeitos, a PM dá as orientações necessárias às vítimas e libera aquela equipe policial para ficar disponível para outras ocorrências.

Prevenção ao crime

Nos momentos em que as viaturas não estão atendendo ocorrências, elas estão em patrulhamento preventivo, circulando em baixa velocidade. O policiamento preventivo é feito com base em estatísticas, ou seja, há ações planejadas em locais onde há incidência de um determinado crime (e por isso é importante sempre ligar ao 190), onde há incidência grande de pessoas (como centros comerciais, eventos esportivos e culturais) e onde há concentração ou circulação de riquezas (como os inícios de mês, quando as pessoas andam com mais dinheiro no bolso, vão a bancos pagar contas e fazer compras).

Sempre ligue pro 190!

Quando alguém estiver envolvido em alguma ocorrência policial, a orientação é que sempre ligue ao 190. “Por mais que o atendente informe que nenhuma viatura vai ser encaminhada, é importante que a vítima registre o ocorrido, pois é com base nas estatísticas destes telefonemas que planejamos algumas ações de segurança. Se as pessoas não ligam para informar, não temos como saber que aquele crime está ocorrendo naquela região”, explica o chefe do Copom, major Vianei. “Às vezes as pessoas dizem que nem vão ligar para a PM, porque sabem que não vai aparecer viatura. Mas falam isso porque não sabem como funciona toda esta triagem da ocorrência, ou por qual motivo a viatura não será despachada para o local”, cita a tenente Thaislainy.

Sobre o autor

Giselle Ulbrich

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