Curitiba

Virada na vida

Atleta desde a infância, Alan Kleber Basilio, 32 anos, é uma daquelas pessoas especiais, que não desistem fácil frente a uma dificuldade. Um verdadeiro exemplo de dedicação, garra e superação. Jogador de futsal dos seis aos 17 anos, ainda no começo de sua juventude, uma fatalidade mudou completamente sua vida e o afastou das quadras. Vítima de lesões na medula, na altura das vértebras cervical (C7) e torácica (T6), aos 19 anos ele não pôde mais movimentar suas pernas, deixando de andar e também, de jogar bola, definitivamente. Mas nada disso fez com que ele deixasse de lutar por seus sonhos.

Após passar por um longo período recebendo cuidados médicos, aos poucos ele foi reconstruindo sua vida, conseguiu voltar para o mercado de trabalho, faculdade e formar uma família. Mas durante anos foram vários os internamentos, consultas e sessões de reabilitação. E foi com hidroterapia, nas piscinas, anos depois sofrer as lesões, que ele reencontrou na natação uma nova paixão e motivação para seus dias.

Alan deu a volta por cima graças ao esporte. Foto: Felipe Rosa
Alan deu a volta por cima graças ao esporte. Foto: Felipe Rosa

“Depois das lesões, cheguei a perder o movimento do braço esquerdo e na reabilitação, eles foram voltando. Também foi na hidro que eu comecei a nadar, após as sessões de reabilitação, para relaxar. Começou como uma brincadeira e aos poucos isto foi despertando em mim novamente o interesse pelo esporte. Fiz 10 anos de hidroterapia e depois de 11 anos comecei a nadar. A natação me trouxe a inspiração e a vontade de ter realização pessoal”, conta Alan.

"Pegar a bicicleta e sair pedalando foi algo viciante para mim", lembra. Foto: Felipe Rosa
“Pegar a bicicleta e sair pedalando foi algo viciante para mim”, lembra. Foto: Arquivo pessoal

Recomeço

E o que começou como uma diversão acabou virando um novo estilo de vida. Um ano depois das primeiras braçadas, ele passou no teste para integrar a equipe de paratletas de alto rendimento da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). E simultaneamente aos treinos nas piscinas, Alan foi convidado por amigos para experimentar outros esportes, como a corrida e o ciclismo com cadeiras especiais. Encantado com as novas modalidades e com a possibilidade de encarar novos desafios, ele também topou participar de uma equipe de triathlon.

“Fui convidado pelo Felipe, coach de uma equipe de triathlon aqui de Curitiba. Ele me chamou para fazer os treinamentos, para ver se eu me adaptava às modalidades. E foi muito bom. Com a bicicleta, tive de volta uma sensação de liberdade. Pegar a bicicleta e sair pedalando foi algo viciante para mim”, lembra.

E a experiência com a corrida e com o ciclismo deu tão certo que hoje Alan desponta como uma promessa brasileira de medalhas no triathlon paralímpico, esporte que fez sua estreia nos Jogos do Rio, em 2016, e que engloba as provas de 750 metros de natação, 20 quilômetros de ciclismo e cinco quilômetros de corrida. A modalidade pode ser praticada por pessoas com variados tipos de deficiência, como cadeirantes, amputados ou cegos.

Atleta sonha com mais medalhas e títulos. Foto: Arquivo pessoal
Atleta sonha com mais medalhas e títulos. Foto: Arquivo pessoal

De olho no pódio

Com os bons resultados nas competições que tem participado, entre eles, os Jogos Paralímpicos Universitários, realizados em julho deste ano em São Paulo, Alan passou a sonhar mais alto, de olho em mais medalhas e lugares no pódio.

“Nos jogos universitários, ganhei três medalhas de ouro na natação, nas provas de 50 metros livre, 100 metros livre e 50 metros costa. Lá também bati o recorde de todas as edições do campeonato e consegui índice de 105, algo considerado fora da curva”, comemora. E ele não parou por aí. Dias depois, uma nova conquista.

“No começo de agosto (de 2017) fiquei em quarto lugar na 1ª etapa do Campeonato Brasileiro de Triathlon. Mesmo sem ter os equipamentos necessários, correndo com uma cadeira emprestada e que não estava nas minhas medidas, quase consegui um pódio. Eles tiveram que fazer força para ganhar de mim”, afirma o atleta, bem humorado.

Rumo ao Japão

Sonho de Alan é disputar o Mundial Paralímpico do Japão, em 2020. Foto: Arquivo pessoal
Sonho de Alan é disputar o Mundial Paralímpico do Japão, em 2020. Foto: Arquivo pessoal

Focado e treinando todos os dias em dois turnos, em uma rotina que começa às 4h30 da manhã, ele pretende agora alcançar índices que possam o ajudar a conseguir uma bolsa, para custear seus treinamentos e equipamentos. Outra meta, a mais importante para ele no momento, é comprar uma cadeira de corrida. Com este equipamento Alan almeja melhorar ainda mais seus tempos nas competições, para se tudo der certo, integrar a equipe brasileira de triathlon nos próximos Jogos Paralimpícos, que acontecerão em Tóquio, em 2020.

“No triathlon minhas chances são reais. Disputei com atletas que estiveram no Rio em 2016 e vi que é possível chegar neles. Mas antes preciso desta cadeira de corrida, que custa 3,6 mil dólares e é feita sob medida, nos Estados Unidos. Os recursos que tenho e que uso nos treinamentos, alimentação, deslocamento, treinos, viagens e competições são todos próprios, não tenho patrocínio. Não tenho como comprar a cadeira, por isso decidi pedir a ajuda das pessoas”, justifica Alan.

Como ajudar?

Para ajudar Alan a comprar a cadeira de corrida ou oferecer um patrocínio para o atleta:

– Contato: (41) 99644-2576

– Conta para doações:
Caixa Econômica Federal
Agência 0377
Operação 001
Conta corrente 24498-7
Alan Kleber Basilio
CPF 053.950.739-30

– Campanha de doações virtual:
https://www.kickante.com.br/campanhas/cadeira-de-corrida-para-um-atleta-de-triathlon

Sobre o autor

Paula Weidlich

(41) 9683-9504