Curitiba

Canais alternativos

Escrito por Ricardo Pereira

A greve dos bancos, que completa 15 dias nesta terça-feira, tem feito as filas aumentarem em boa parte das casas lotéricas. Em Curitiba, não é difícil encontrar aglomerados de pessoas que aguardam do lado de fora dos estabelecimentos por atendimento. Os Caçadores de Notícias foram às ruas para saber como os curitibanos estão se virando para resolver seus assuntos bancários durante a greve.

Maria: A população fica muito prejudicada.
Maria: A população fica muito prejudicada.

As lotéricas se tornaram a principal opção da auxiliar de escritório Maria Idilia. “Eu consigo pagar boa parte das contas que tenho. Já as outras eu dou um jeito de pagar no caixa eletrônico, com o cartão do banco. Mesmo assim, fazer a greve desse jeito não é a melhor maneira. A população fica muito prejudicada”, desabafa.

Em outra lotérica, o vigilante Elias Silva também aproveitava para pagar as faturas mensais. “Apesar da fila, eu consigo pagar tudo aqui”, diz ele, que alega não se incomodar com a paralisação dos bancários. “Vim pagar as contas de luz e água. Aproveitei para fazer um depósito”, explica a costureira Maria Pedro. Para ela, a limitação no valor de boletos aceitos pelas lotéricas (até R$ 700, quando o documento não é da Caixa) pode acabar complicando muita gente.

Elias paga suas contas na lotérica.
Elias paga suas contas na lotérica.

Fabiana Medeiros optou por outro método: ir até uma unidade da cooperativa de crédito Sicoob para pagar taxas do Detran. Por azar, o sistema estava fora do ar no data de vencimento e ela precisou ir até uma unidade do próprio Departamento de Trânsito. No entanto, a fatura do cartão de crédito já venceu e só poderá ser paga quando os bancos voltarem a funcionar. “Os juros são altos e a cada dia que passa eu vejo que o valor sobe muito rápido. Assim que a greve acabar, eu terei de ir ao banco e arcar com um valor maior do que eu realmente gastei”.

A Fenaban orienta os clientes a utilizarem os caixas eletrônicos para agendamento e pagamento de contas que não estejam vencidas, além de saques, depósitos, transferências e outros serviços. Correspondentes bancários, como Correios e supermercados, além das lotéricas, também são opção para pagamento de faturas. Confira no quadro quais as operações que podem ser realizadas em cada canal alternativo às agências físicas dos bancos.

Greve continua

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa
Fabiana
Fabiana terá que esperar o banco abrir para pagar sua conta.

Não há previsão de quando a categoria deve retornar aos postos de trabalho. Ontem, uma reunião em caráter informativo foi realizada pelos trabalhadores. De acordo com o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, não há definição de data para nova rodada de negociações. Sendo assim, a greve é por tempo indeterminado.

A paralisação teve início no dia 6 de setembro. A última proposta dos bancos foi de 7% de reajuste salarial e um abono de R$ 3,3 mil. Os funcionários rejeitaram a proposição. Nas duas últimas rodadas de negociação, os banqueiros não melhoraram a proposta. Os bancários querem a reposição da inflação (9,62%) mais 5% de aumento real, além de outros benefícios.

Para Maria, a limitação no valor de boletos aceitos pelas lotéricas pode acabar complicando muita gente
Para Maria, a limitação no valor de boletos aceitos pelas lotéricas pode acabar complicando muita gente

O último balanço do sindicato aponta que 357 das 532 agências de Curitiba e região estavam fechadas, assim como 10 centros administrativos. De acordo com os grevistas, 14 mil bancários estão de braços cruzados só na capital e municípios vizinhos. Mais de 19 mil aderiram à greve em todo o Paraná. Em todo o país, 13.071 agências tiveram as atividades paralisadas, o que representa 56% do total, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf).

SE VIRA NA GREVE!

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa
Casas lotéricas

Pagamentos de:

  • Contas de água, luz e telefone, com ou sem fatura;
  • Tributos;
  • Bloquetos Caixa – dinheiro ou cheque, se o convênio permitir (até R$ 2 mil)
  • Bloquetos de outros bancos – em dinheiro (até R$ 700)
  • Faturas de cartão de crédito da Caixa – em cheque ou em dinheiro (caso não possua a fatura, basta o cliente apresentar o cartão de crédito e informar o valor a ser pago);
  • Prestação de habitação
  • INSS/GPS;
  • FGTS-GRF / GRRF / GRDE (com código de barras);
  • Contribuição sindical – em dinheiro.

Saques de:

  • Contas correntes e poupanças com cartão magnético e identidade limitado a três transações ou R$ 1,5 mil por dia, o que ocorrer primeiro (exceto dias úteis de 6h01 às 8h e dias não úteis, cujo limite é R$ 500);
  • Programas de Benefícios Sociais (Bolsa Família) – todo o valor disponível, com Cartão do Cidadão ou Cartão do benefício;
  • INSS – todo o valor disponível, com cartão magnético para os beneficiários que são pagos na Caixa;
  • Seguro-desemprego e PIS – todo o valor disponível, com Cartão Cidadão;
  • FGTS – com Cartão Cidadão e até R$ 1.500,00.

Sobre o autor

Ricardo Pereira

(41) 9683-9504