CIC

Parque destruído

Escrito por Magaléa Mazziotti

Visto de longe, o Parque dos Tropeiros, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), segue exuberante, mas basta se aproximar para ver os diversos problemas e perceber que a conservação é inexistente. A falta de manutenção dos belos salões construídos pelo parque abre caminho para o vandalismo e a invasão por usuários de drogas e bandidos, que se escondem pela área de quase 180 mil metros quadrados.

Boa parte da estrutura do parque está abandonada. Salões viraram casa de pombo e mocó pra usuários de drogas. Foto: Gerson Klaina
Boa parte da estrutura do parque está abandonada. Salões viraram casa de pombo e mocó pra usuários de drogas. Foto: Gerson Klaina

Para piorar, os telhados e os vidros danificados acabaram servido de entrada para aves, que transformaram esses espaços em gigantescos pombais. A situação do parque foi manchete da última edição da Tribuna Regional CIC.

Com uma chácara localizada na Rua Deputado Newton Carneiro, nos fundos do parque, a operadora de máquina Elaine Cristina Cardoso, 37 anos, afirma que, mesmo longe das condições ideais, o local é bastante usado por grupos de tradições gaúchas, criadores e pessoas em busca de lazer com a família. “É um lugar lindo, tanto que eu e meu marido fizemos a festa do nosso casamento em um dos salões, em 2010. E mesmo depois de abandonarem o nosso parque, a comunidade lota todo domingo, apesar de não ter nem banheiro em condições para ser usado”, lamenta.

Elaine: “Mesmo assim, lota”. Foto: Gerson Klaina
Elaine: “Mesmo assim, lota”. Foto: Gerson Klaina

Outra queixa comum é sobre a ação da Guarda Municipal, que possui um posto dentro do parque. “Chamei algumas vezes quando vi os vândalos destruindo as construções, mas além da demora no cadastro, eles nem deram atenção”, comenta outra moradora, que não quis se identificar.

A copeira Edilene Alves, 41 anos, estava no parque à procura do filho de 13 anos. Segundo ela, o local também virou refúgio para os estudantes da região “matarem aula”. “Descobri que é a quinta vez que meu filho não vai para a escola e a vizinhança já avisou até a Guarda que tem um menino com o uniforme vermelho circulando por aqui. Vou pegá-lo em flagrante”, avisou a mãe. Em outros tempos, o mesmo parque abrigava um projeto de educação chamado Piá Ambiental, voltado para crianças e adolescentes.

A prefeitura diz que o parque conta com rondas e monitoramento diário, 24 horas, feito pela Guarda Municipal, dentro de uma política de segurança padrão para todas as regionais da cidade. Também garante que toda e qualquer denúncia e solicitação é atendida, desde seja realizada pelos telefones 153 ou 156.

Revitalização confirmada

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente diz que uma parte das melhorias necessárias está prestes a ser executada. A prefeitura já assinou uma ordem de serviços para a primeira etapa da reforma, no valor R$ 160 mil. O orçamento prevê a reforma do portal, do anfiteatro, da caixa d’água e do posto da Guarda Municipal. Também estão programados a revitalização da ciclovia e a reforma de um banheiro. Segundo a secretaria, o parque não precisará ser fechado para as reformas e as obras devem ter início nas próximas semanas. Pelo projeto, seis meses serão necessários para a execução de todas essas melhorias.

Falta de policiamento é crítica frequente dos vizinhos do parque. Foto: Gerson Klaina
Falta de policiamento é crítica frequente dos vizinhos do parque. Foto: Gerson Klaina

Cheio de história 

O Parque dos Tropeiros foi inaugurado em 1994, em homenagem aos tropeiros do Rio Grande do Sul que, nos séculos XVIII e XIX, que cruzavam a região em direção à Feira de Sorocaba. De acordo com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), a área posssui 173.474 mil metros quadrados.

O local resgata o período do ciclo das tropas no Paraná, que integrava essa extensa rota colonial entre os campos do sul e o estado de São Paulo. Foi por meio da atividade de guiar o gado e abrigá-lo nas invernadas, que os tropeiros abriram caminhos, fundaram vilarejos, estimularam o comércio de várias cidades e implantaram hábitos, como a roda de chimarrão.

O parque chama atenção por apresentar equipamentos urbanos diferentes de outros parques da capital, uma vez que uma das finalidades do espaço, na época do lançamento, era promover eventos para campeonatos de rodeios e acampamentos.
Para isso, foram construídos cancha de rodeios, churrascaria, salão de danças, auditórios para apresentações folclóricas, aprisco, área para acampamento e sanitários. Várias dessas instalações aguardam reforma e, atualmente, Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) utilizam o espaço para treinar, mas desde 2011 não são realizados rodeios.

Leia mais sobre a Cidade Industrial de Curitiba!

Sobre o autor

Magaléa Mazziotti

(41) 9683-9504