CIC

Parque às moscas

Apesar da manutenção em dia, Parque dos Tropeiros, na CIC, sofre com falta de segurança

Entregue às moscas. Um espaço tão grande com pouca utilidade. Esta é a situação do Parque dos Tropeiros, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Ao chegar no local, na última segunda-feira (29 de maio), a equipe dos Caçadores de Notícias encontrou equipes da Prefeitura de Curitiba cortando a grama e limpando o parque. “Está bem organizado, na questão de limpeza está uma maravilha”, diz o aposentado Pedro Carlos, 68, que mora ao lado do local.

Com manutenção em dia, Parque dos Tropeiros é considerado inseguro. Câmeras estão inoperantes. Foto: Felipe Rosa
Com manutenção em dia, Parque dos Tropeiros é considerado inseguro. Câmeras estão inoperantes. Foto: Felipe Rosa

À primeira vista, parece que está tudo bem. Mas segundo os frequentadores, a aparência bem cuidada “esconde” a falta de segurança. Pedro conta que os problemas começam ao anoitecer. “Às 7 horas da noite o portão (de casa) tem que estar no cadeado. Não pode vacilar e sair, porque senão você pode ser assaltado”. Ele afirma que, quando escurece, desocupados se aglomeram no parque. “Só coisa errada. Entram os caras de noite para fumar droga, mulherada… Eles ficam dentro daquele banheiro, às vezes de manhã cedo tem um monte de gente, eles amanhecem lá. Se não estão ali, estão no salão”, desabafa o vizinho.

Marlei: nunca passo por dentro do parque. Foto: Felipe Rosa
Marlei: nunca passo por dentro do parque. Foto: Felipe Rosa

A servente de limpeza Marlei Bonkoski, 43, também mora perto do parque e não se arrisca passar por lá. “As pessoas têm medo de passar por dentro do parque, porque sempre tem um ou dois escondidos com má intenção. Eu mesmo nunca passo por dentro do parque”, revela. Ela tem saudades da época em que o espaço era realmente utilizado para lazer. “Antigamente tinha bastante rodeio, bastante coisa, só que agora não tem mais, acabou”, relata.

Falta o que fazer

O Parque dos Tropeiros foi inaugurado em 1994, em homenagem aos tropeiros do Rio Grande do Sul que, nos séculos XVIII e XIX, cruzavam a região em direção à Feira de Sorocaba. Em julho de 2016, o parque foi recuperado, após um incêndio. Com quase 180 mil metros quadrados, o espaço fica próximo aos conjuntos habitacionais Caiuá, Diadema, Ilhéus e Vera Cruz, e poderia beneficiar diretamente cerca de 15 mil pessoas.

Joselito: pessoal não usufrui aqui por causa da violência. Foto: Felipe Rosa
Joselito: pessoal não usufrui aqui por causa da violência. Foto: Felipe Rosa

O técnico de meio ambiente Joselito Rocha pratica esportes no parque há três anos e afirma que são poucas pessoas que se exercitam no local. “O pessoal não usufrui aqui por causa da violência. Naqueles degraus sempre tem uma piazada fumando maconha”, conta. Ele acredita que a estrutura poderia ser melhor utilizada. “Nesses cômodos vazios poderiam fazer um espaço cultural com oficinas para crianças. Poderiam aproveitar e fazer um levantamento da flora e da fauna e fazer um inventário florestal, igual tem no Jardim Botânico. E até chamar a comunidade para fazer uma horta comunitária”, sugere.

Marlei também concorda que falta o que fazer no parque. “Poderiam fazer um parquinho, uma academia ao ar livre, pelo menos o povo vem. Mas não tem nada aqui”, observa a moradora da região.

Câmeras desligadas

Em todo o Parque dos Tropeiros existem pelo menos oito câmeras de monitoramento, que segundo apurado pela reportagem da Tribuna do Paraná, não estão funcionando por falta de manutenção. De acordo com a Guarda Municipal (GM), no início deste ano os equipamentos começaram a apresentar problemas pelo tempo de uso. Segundo a corporação, como a troca das câmeras não estava prevista no orçamento da Prefeitura de Curitiba, está sendo feito um estudo para que um novo monitoramento possa começar a ser feito. Até que isso aconteça, a insegurança dos frequentadores do parque vai continuar.

 

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