Centro

Sempre de passagem

Artistas de semáforo levam vida itinerante, tão rápida quanto a mudança do sinal vermelho pro verde

Não fazia meia hora que eles tinham se conhecido, quando a Tribuna do Paraná os encontrou trabalhando juntos em um dos semáforos da Avenida Visconde de Guarapuava, no Centro. Mas a afinidade entre o carioca Daniel Rodrigues, o “Kea”, 21 anos, e o argentino Gonçalo Ojeda, 29 anos, parecia vinda de uma amizade de muitos anos. Talvez porque os objetivos e estilos de vidas deles sejam os mesmos: levar uma vida itinerante, conhecendo lugares e pessoas diferentes a cada dia.

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Daniel conta que era estudante de enfermagem no Rio de Janeiro. Mas em um dia de estágio, foi ele que quase ficou no hospital de vez. “Descobri que não é a minha praia. Eu sou da rua e é assim que eu quero viver, conhecendo cada dia um lugar”, diz Daniel, que tinha planos de sair de Curitiba, passar por Florianópolis e seguir rumo à Argentina, para passar o Natal.

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

Há três anos nesta vida, diz que o lugar que mais gostou é São José do Rio Preto, onde as pessoas são muito gentis, sempre perguntando se ele está precisando de algo. E ainda está nos seus planos ir à Bolívia.

Daniel vive da arte que faz na rua. Equilibra-se em cima de uma escadinha enquanto faz os seus malabares. Diz que em três ou quatro horas de trabalho por dia, consegue pagar hotel, comida e passagens. Fã de MPB, ele também toca violão nos ônibus e metrôs que entra. Pergunta o que as pessoas querem ouvir e depois pede contribuições por animar o dia delas.

Família viajante

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

Diferente de Daniel, Gonçalo não está sozinho. Há 16 anos na estrada, leva esposa e filho de quatro anos em suas andanças. Ele diz que a mulher também faz acrobacias e artesanatos, para venderem por onde passam. E com a arte no sinal vermelho conseguem sustentar a vida, pagar hotel, alimentação e passagens.

selo-vida“Sempre de passagem”, ele mostra sua arte em cima de um monociclo em praças, semáforos, escolas e eventos que é convidado. Dias antes da entrevista ele veio da Argentina, passou por Campinas, algumas cidades de Minas Gerais. Apesar de ter gostado de Minas, porque lá as pessoas são muito receptivas, disse que ainda não encontrou um lugar que goste muito, para “fincar o pé”.

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

Sobre o autor

Giselle Ulbrich

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