Almirante Tamandaré

Desempregada vira empresária

Mais de 12,3 milhões de brasileiros estão desempregados, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E é justamente em momentos como este, de crise e de dificuldade financeira, que muita gente acaba mudando de vida, mesmo que por necessidade ou falta de opção. Foi o que aconteceu com a hoje empresária Meri Carvalho, 48 anos, que se tornou uma empreendedora logo após perder o emprego.

“Trabalhei por mais de 20 anos em uma indústria de móveis e colchões, no setor de decoração e vitrines. Acabei ficando mesmo depois de algumas crises, mas no fim de 2014 a empresa fechou as portas e eu fiquei sem nada. Não recebi o acerto e não consegui nem mesmo o seguro desemprego. Fiquei sem chão, procurei outros empregos, que não deram certo. Mas graças a uma ideia minha e a ajuda de amigos e familiares consegui me reerguer”, conta Meri.

A solução encontrada por ela foi fazer um bazar com roupas usadas na garagem de sua casa, para poder colocar em dia as contas da família. Mas as vendas das peças doadas foram tão boas que Meri decidiu seguir em frente e o dinheiro arrecadado neste primeiro evento, pouco mais de R$ 900, foi reinvestido. Assim nascia no Loteamento Marinoni, em Almirante Tamandaré, o Brechó Meri Mix, negócio familiar que na semana passada completou dois anos de funcionamento e de sucesso na comunidade.

Contas pagas

Foto: Felipe Rosa
Meri foi mandada embora sem receber o acerto e seguro desemprego. Foto: Felipe Rosa

“Eu não tinha um real no bolso e com o que vendi no primeiro bazar, poderia pagar minhas dívidas. Mas não, paguei só a luz e a água e decidi continuar. Saí de porta em porta, para comprar mais roupas e fiz um cartão de visitas manual, que distribuí pela vizinhança e nos condomínios. Para decorar o brechó fiz reaproveitamento. Pensando na economia e na sustentabilidade peguei muita coisa que encontrei coisa na rua, como manequim, mesa e até uma geladeira que não funciona. E foi dando certo”, relata.

Quando completou um ano o brechó ainda estava engatinhando, mas logo Meri conseguiu sair da informalidade. “Hoje somos MEI (Microempreendedor Individual), pagamos tudo certinho. Tivemos dificuldades no começo, mas para ser sincera, sempre acreditei, tinha certeza que daria certo. Minha preocupação era com o local, não tinha uma loja e minha casa é em uma rua sem saída. Mas Deus ajudou”, diz a empresária.

Planos de expansão

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

Trabalhando sozinha, tendo apenas o apoio de sua filha de 13 anos e do marido, Meire pensa em crescer. “Quero poder contratar alguém para me ajudar nas vendas e para organizar o estoque e os consignados. Também sonho em comprar uma Kombi, para levar as roupas até as pessoas e para expor meus produtos. Vou seguir investindo. Graças ao brechó sustento minha família e mesmo cortando alguns supérfluos, vivemos bem. Consegui até quitar o financiamento do nosso carro, que quase tivemos que devolver para o banco quando fiquei desempregada”, lembra.

Para quem passa pela mesma situação, Meire dá alguns conselhos. “Se você tem um sonho ou uma ideia em mente, tem que arriscar. Você tem que ser empreendedor e olhar as oportunidades. Eu ainda estou aprendendo muito, quero fazer cursos na minha área, para atender meus clientes ainda melhor. Aprender a mexer melhor no Facebook também é uma meta, hoje monto looks com as roupas que fazem sucesso. Essa ferramenta é muito boa para o meu negócio”, observa.

Serviço:

Brechó Meri Mix

Endereço: Rua Nelson Cordeiro, 54, Marinoni, Almirante Tamandaré- PR Aberto de terça a sexta-feira das 9h às 19h Sábados das 10h às 17h

Telefone: 3657-0739

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Dicas pra sobreviver no mercado

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

Segundo o consultor  Alessandro Rocha, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae-PR), antes de abrir um negócio, mesmo que informalmente, o ideal é que as pessoas busquem informação. “É preciso fazer uma análise do perfil pessoal e do mercado e, além disto, é necessário perder o medo de empreender. Pesquisar o mercado, os concorrentes e o consumidor também é fundamental”, diz.

Ele explica que antes de transformar a ideia em um negócio, as pessoas devem se questionar, para saber se têm habilidade e afinidade com o negócio pretendido. “Quero abrir um restaurante, mas não gosto do cheiro de cebola? Talvez seja preciso repensar”. O consultor também lembra que o empreendedor deve se planejar, investir em capacitação e treinamento e em conhecimentos sobre a e a legislação do setor em que pretende atuar.

“Espaço há em todas as atividades, basta se diferenciar do seu concorrente e entregar um serviço melhor. Fazer parcerias com seu cliente também é interessante, como no caso dos fotógrafos, que acompanham os clientes e sua família, fotografando o aniversário das crianças, todos os anos. Criar relacionamento com o cliente é muito importante”.

Por onde começar o negócio?

Além destas orientações, para sobreviver à acirrada concorrência no mercado, é necessário profissionalizar o negócio. “O empreendedor precisa saber qual será o investimento necessário, lembrando de não cometer o erro de investir tudo o que tem na empresa. Procurar por franquias é uma saída. Mas o fundamental é, sempre que possível, buscar ajuda e desenvolver um plano de negócios, o que pode ser feito com a orientação de um consultor do Sebrae. Para quem está começando temos uma palestra gratuita, a ‘Começar Bem’. Ter informações pode evitar ações precipitadas e prejuízos, como os de quem compra uma máquina cara, antes de ter o negócio estruturado “, indica.

De acordo com o consultor, até para fazer brigadeiro e vender de porta em porta é necessário ter conhecimento, saber a receita, saber quanto vai custar cada docinho e por quanto poderá ser vendido. “Senão, o risco de prejuízo é muito grande. Devo saber quanto custa minha hora ou dia de trabalho. Isto funciona para o empreendedor por necessidade ou por oportunidade. Quanto mais pensado e estruturado esse plano B, melhor”, pontua.

Como ser um Microempreendedor Individual (MEI)?

Passo 1: Informe-se. Leia os textos sobre o MEI no site do Sebrae ou no Portal do Empreendedor. E se puder, participe de consultas presenciais. Cconsultores do Sebrae, em parceria com as prefeituras dos municípios, realizam atendimentos gratuitos.

Passo 2: Preencha suas informações cadastrais no formulário de inscrição, que está disponível no Portal do Empreendedor. Em caso de dúvidas, entre em contato com o Sebrae (0800-570-0800). No Portal do Empreendedor existe uma relação de empresas contábeis que também auxiliam no processo de formalização gratuitamente.

Passo 3: Após preencher o formulário, imprima seus documentos. São eles a Certificado da Condição de Microempreendedor Individual, Carnê de Pagamento Mensal (DAS), Relatório Mensal de Receitas Brutas (um para cada mês). Esses documentos são necessários para manter sua formalização em dia.

Para emitir nota fiscal: Para emitir a Nota Fiscal de Venda ou de Prestação de Serviços, o MEI deve procurar a Secretaria de Fazenda do Estado ou do Município  para solicitar a Autorização de Impressão de Nota Fiscal – AIDF.  Após autorizado pela Secretaria de Fazenda, deverá procurar uma gráfica para confeccionar os talões (blocos) de Notas Fiscais.

Nota Fiscal Eletrônica: O MEI não tem a obrigação de emitir Nota Fiscal Eletrônica-NF-e, conforme prevê o § 1º do artigo 97 da Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional – CGSN de nº 94/2011, sendo que, por opção, é facultativo realizar a emissão da NF-e, se disponibilizada pelo estado (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 2º, inciso I e § 6º; art. 26, § 2º).

Fase seguinte: Após o cadastramento, o CNPJ e o número de inscrição na Junta Comercial são obtidos imediatamente. Não é necessário encaminhar nenhum documento à Junta Comercial. Nenhuma cópia de documento precisa ser anexada. De agora em diante, faça a contribuição mensal e a Declaração Anual Simplificada (DASN).

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Sobre o autor

Paula Weidlich

(41) 9683-9504