Vinho de “Woody Allen” com a proteção de OVNIs?

A curiosidade foi maior que a expectativa em testar o vinho elaborado pelo enólogo conhecido como Woody Allen dos vinhos, da vinícola Bonny Doon Vineyard, em Santa Cruz, na Califórnia.

Cabernet Sauvignon? Meritage? Pinot Noir? Nada disso, um corte estilo Chateauneuf-du-pape com alma americana… Sim, é isso mesmo que você leu!

Cansado de elaborar vinhos de esforço, o enólogo Randall Grahm decidiu pela filosofia europeia, ou seja, elaborar vinho de terroir, o que é muito incomum nos Estados Unidos. Foto: Divulgação
Cansado de elaborar vinhos de esforço, o enólogo Randall Grahm decidiu pela filosofia europeia, ou seja, elaborar vinho de terroir, o que é muito incomum nos Estados Unidos. Foto: Divulgação

Cansado de elaborar vinhos de esforço, o enólogo Randall Grahm decidiu pela filosofia europeia, ou seja, elaborar vinho de terroir, o que é muito incomum nos Estados Unidos.

Depois de se decepcionar com a pinot noir produzida pela sua vinícola, a qual engarrafa-la era um sonho antigo, e percebendo que jamais conseguiria atingir o nível dessa variedade produzida em sua vizinha Oregon, o excêntrico e ácido enólogo Randall decidiu plantar variedades menos comuns em sua vinícola, com o objetivo de criar algo inusitado: Syrah, Grenache, Cinsault Mourvèdre e Carignane.

E realmente conseguiu, ao criar o Le Cigare Volant, inclusive avalizado pelo rótulo, onde ilustra um disco voador cuidando da plantação, Na tampa, tipo screw cap (rosca), único sistema que adotou depois de uma cerimônia de enterro da rolha de cortiça em terreno próprio, há a feição de um E.T. estilizado.

Diante de tanta excentricidade, decidi avaliar o vinho, já que a confraria Cavaleiros do Tastevin tem testados diversos vinhos Norte-americanos, e, realmente, sua apresentação foi muito exótica.

De textura e intensidade média, núcleo rubi e margem grená, com ausência do fruit bomb americano, muito característico, e notas de sous-bois (vegetação rasteira, mato, umidade e notas terrosas), remete-nos ao Sul do Vale do Rhône, a um bom Chateauneuf-du-pape, com acidez controlada e sem as tênues notas de galinheiro, característica clássica do vinho.

Sem dúvida, seu objetivo foi atingido, pelo menos na minha visão: um vinho menos acertado e mais original. Vale muito a pena conhecê-lo.

Até a próxima coluna,

Cheers!

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