No bico do papagaio

bico-de-papagaioSeu Luis era quase sócio da unidade de saúde. A cada duas semanas, batia ponto na madrugada do postinho em busca de uma senha para consulta. No fundo, o que desejava era mais uma ‘injeçãozinha’ para aliviar a dor que de longa data castigava suas costas.

Seu Luis faz parte de um exército de 27 milhões de brasileiros que sofrem com problemas na coluna. Hérnia de disco, dor no pescoço, bico de papagaio, escoliose… são queixas frequentes na rotina do médico e que só perdem, em números, para os casos de gripe e resfriado.

Não é uma queixa boba.

Em termos de afastamentos do trabalho, a dor nas costas é o principal motivo elencado pelos peritos do INSS. Dependendo do paciente, há comprometimento das atividades diárias, restrição ao trabalho, prejuízo do sono e até alteração do humor.

Mas o que alguns pacientes não aceitam – e acabam descontando sua fúria sobre os médicos – é que a saúde da coluna passa, invariavelmente, pelo condicionamento físico. Pacientes sedentários, ou que trabalham no pesado, pecam aí, pois depositam suas esperanças apenas em medicamentos, o que pode ser bastante decepcionante.

De longe, os casos com melhor resolução são aqueles em que ocorre a reeducação postural, o fortalecimento e alongamento de músculos e, claro, o respeito às limitações do próprio corpo nas tarefas do dia a dia.

Infelizmente poucos aderem a essa sugestão de tratamento, talvez por achar mais fácil o uso compulsório de remédios.

Na prática, o que se vê então é uma vida arrastada.

Com lamúrias, lamentações e muitas injeções.

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