Um país vítima da imobilização social

A cada nova onda de protestos no país, algumas coisas ficam mais claras. A maioria dos brasileiros está extremamente insatisfeita com a política, com os políticos. Com os partidos e suas bandeiras furadas, o seu pragmatismo fluido e frágil. Mas, inegavelmente, essa turma que está indo pras ruas não representa toda essa maioria.

Sexta, aqui e em muitas cidades, uma minoria criou enorme imobilização social. Isso mesmo! Não se viu, em qualquer canto, grandes mobilizações. Centenas de milhares de pessoas, esperadas nas ruas representando toda essa insatisfação medida em pesquisas, não mudaram sua rotina num dia de anunciada greve geral. Mas enfrentaram problemas em cumpri-la.

Bloqueios

Basta dez, vinte sindicalistas. Duas ou três bandeiras. Uma faixa, talvez alguns pneus incendiados. Em São Paulo, receita como essa atrapalhou a vida de quem precisava transitar pela estrada que dá acesso ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.

O termo sindicalista surge aqui não de forma pejorativa. Mas não há fumaça preta sem a marca deles. Cruzamento trancado sem bandeira de alguma central. Faixa em agência bancária fechada sem o tradicional cartaz. Lideram o movimento contra aquilo que acham ter sido um golpe. Não estão nas ruas protestando contra a situação problemática que assola o Brasil. Ao contrário, não aceitam qualquer reforma, nem que seja boa pro nosso futuro, liderada por alguém que eles julgam não ter legitimidade.

Ignoraram completamente o fato de que o devido processo legal acompanhou a saída de quem foi embora e a entrada de quem está atualmente com a caneta. Não é assim que se faz. A nação é grande e precisa caminhar. A limpeza na política idem.

O atual presidente já demonstrou não ter condições de tocar o país. A lei está aí pra ser novamente aplicada. Mas chega de imobilização social. De meia dúzia chamando a atenção das câmeras por prejudicar o dia-a-dia de milhares. As pessoas de bem, enormemente insatisfeitas com tudo, agradecem.