Satisfação sim, senhor presidente Lula

Lula anda dizendo por aí que não tem que explicar nada, a ninguém, sobre os R$ 9 milhões que tem investidos em planos de previdência privada. O dinheiro está depositado numa conta do Banco do Brasil e foi bloqueado pelo juiz Sérgio Moro, nos autos do processo que condenou o ex-presidente a 9 anos e meio de prisão. A conta dos roubos na Petrobras é muito maior.

Pois Luiz Inácio deve, sim, satisfação integral ao povo brasileiro. Condenado que está – em primeira instância, é bem verdade –, tem todo o direito de se defender, através dos recursos legais que possui. Até de se declarar insistentemente inocente. Mas não pode esquecer que teve a caneta mais poderosa do país por oito anos seguidos. E mais: foi decisivo para a eleição da sua sucessora, Dilma Rousseff.

Nada do que foi investigado e descoberto no âmbito da Operação lava Jato pode ser descolado totalmente do time político liderado por sua excelência. Lula justifica que essa grana é fruto de quase uma centena de palestras que proferiu no exterior. Que tudo entrou de forma legal, pelo Banco Central.

Omite ele, nas entrevistas que tem dado nesses dias, que a maioria desse trabalho foi bancada por empresas mortalmente feridas pelas investigações em curso. Só a Odebrecht investiu R$ 4 milhões nesse tipo de prestação de serviços. Tudo registrado na famosa planilha do setor de operações estruturadas, que registrava as milionárias propinas pagas a políticos.

Contas

Pra se ter uma ideia, entre 2011 e 2014, período do primeiro mandato de Dilma, o Instituto Lula recebeu, somente das cinco principais empreiteiras envolvidas no cartel do petrolão, R$ 18 milhões. Lula havia acabado de deixar o poder. Sua imagem interessava, e muito, aos empreiteiros. O que dizer da sua influência sobre um governo que ele ajudou a construir?

Luiz Inácio deve explicações sobre cada centavo que eventualmente tenha. Até mesmo em cofrinhos de moedas. E se não puder comprovar a origem verdadeiramente lícita, não só do serviço prestado, como também dos valores dispendidos pelas empresas que o vinham financiando, que a justiça agarre tudo com unhas e dentes.