Limpeza geral na política brasileira

A cada dia que passa, a cada nova notícia que explode a partir da Operação Lava Jato, mais se justifica sugestão dada lá atrás pelo senador paranaense Álvaro Dias. Disse ele, em meados do ano passado, que todos os integrantes do legislativo e do executivo federais deveriam entregar seus cargos. Isso mesmo, renúncia geral. Independe de culpa no cartório. Segundo ele, somente uma convocatória pra eleições gerais teria condições de marcar um recomeço na república.

Como se esperava, denúncias e consequentes investigações atingiram mandatários de todos os partidos e bandeiras. De lado a lado, nomes de primeiro escalão da nossa política fora caindo nas listas de delação premiada. E o listão do fim do mundo, patrocinado pela outrora poderosa Odebrecht, tratou de lançar tudo ao chão.

Executivos ligados à empreiteira foram chamados também pra depor no processo que corre na Justiça Eleitoral, que apura abuso de poder econômico pela chapa Dilma-Temer. São pelo menos R$ 40 milhões em doações indiscriminadas a partidos da base do governo na eleição de 2014. Essa investigação atinge em cheio, também, o atual presidente. Pode levar à cassação da chapa inteira.

Sigilo

No âmbito da Lava Jato, os conteúdos das 77 delações firmadas pelos executivos da Odebrecht ainda não vieram à tona. Ao homologá-las, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmem Lúcia, manteve o sigilo. Que, ao que tudo indica, deve cair a qualquer momento nas mãos do novo relator do caso na alta corte, ministro Edson Fachin. Um gaúcho de alma paranaense.

Devemos torcer para o mínimo de estabilidade nos próximos meses. Precisamos, sem poupar ninguém por erros cometidos, é claro, chegar com o mínimo de equilíbrio nas próximas eleições nacionais, em outubro do ano que vem. É necessário que o cheiro esperançoso de estabilidade econômica, que estamos sentindo atualmente, permita que empresas e empresários recuperem a confiança e a capacidade de investir.

Aí sim, nas urnas, cada um poderá desempenhar seu decisivo papel de livrar a política de más personas.