A arte de desrespeitar o público

Que arte há num homem pelado, sentado com pernas entrelaçadas sob um tapete de papelão? Que tipo de gente organiza isso pensando aguçar a curiosidade de outrem? E mais! Qual o estereótipo de pessoa que se interessa por essa arte? Mau gosto tem limite.

A performance “La Bête”, realizada na abertura da Mostra Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo foi assim. Um homem nu, que se movimenta num espaço delimitado. Fica de pé, senta, deita. E pode ser tocado pelos presentes.

Trata-se de uma leitura interpretativa da obra Bicho, de Lygia Clark, sobre a manipulação de objetos articuláveis. Mas parece que escolherem o objeto errado pra demonstrar a “arte”.

Vídeos e imagens compartilhados nas redes sociais causaram revolta, ao mostrar uma menina, que segundo consta tem apenas quatro anos, tocando no cidadão. O artista Wagner Schwartz estava deitado, de barriga pra cima e com tudo à mostra, no momento. Ao lado, a suposta mãe da garotinha. Outro pesado absurdo.

Outro lado

O museu correu pra se defender, dizendo que a mostra era fechada pra convidados e que havia avisos no local avisando sobre nudez. A nota ainda escorrega em justificativas furadas, afirmando que as críticas “são descabidas e guardam conexão com a cultura de ódio e intimidação à liberdade de expressão que rapidamente se espalha pelo país e nas redes sociais”.

Papo furado. Nem é preciso divagar sobre erotismo, pornografia ou pedofilia pra chegar à conclusão de que nada disso é arte.

E não se trata de se entrincheirar contra a liberdade de expressão. Um homem embriagado, ou tomado pelas drogas, que numa crise de loucura adormeça sem roupas numa praça mereceria qual tratamento? Certamente seria recolhido e enquadrado por atentado violento ao pudor.

Que arte, que nada. Triste é ver supostas bandeiras em prol da liberdade sendo utilizadas pra temas tão deturpados. Tanta energia gasta à toa.

Que o Ministério Público faça o que lhe é de dever.