Perder para ganhar: como eliminar o supérfluo e focar no essencial

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Você já parou para pensar o que diferencia um nadador profissional de um nadador amador? Obviamente, incontáveis horas de treino, acompanhamento médico e nutricional adequados, um trabalho psicológico sério e questões anatômicas e de talento nato podem pesar também. Mas e do ponto de vista dos movimentos que estes atletas realizam, qual a diferença? E o que isto tem a ver com ganhar tempo? Calma, já vou explicar.

Atletas profissionais não desperdiçam energia. Todos os movimentos que eles realizam são voltados para diminuir seus tempos, ou seja, são voltados para agregar valor ao desempenho final. Quando vemos um vídeo do Michael Phelps competindo, não tem como deixar de reparar a suavidade e a precisão dos seus movimentos, por mais delicados que sejam. Desde a angulação com que as mãos atingem a água da piscina, a contração da musculatura do pescoço para inclinar a cabeça e respirar, o posicionamento das pernas e pés para melhorar questões de flutuabilidade até as poderosas braçadas, tudo é voltado para impulsionar o nadador à frente da forma mais veloz possível, numa verdadeira sinfonia de eficiência e sincronismo.

Repare, então, que um nadador profissional não faz movimentos a mais do que um amador, é o amador que faz mais coisas do que o necessário. É exatamente isso que prejudica sua performance e o torna um amador. E por que isso prejudica a performance? Simples: por causa dos movimentos supérfluos, a atenção do amador não está totalmente voltada para executar apenas o necessário, o que diminui seu foco, o torna mais lento e o faz cansar mais rápido pelo gasto excessivo de energia.

Esse raciocínio pode ser extrapolado para outros esportes e áreas, como todas as modalidades de atletismo, dançarinos e músicos.

Na década de 1980, a Toyota estava desbancando a indústria americana violentamente, pois os japoneses produziam mais rápido e seus carros eram melhores, mais bonitos e mais baratos. Preocupadíssimos, os americanos fizeram uma série de estudos e investigações para descobrir o que estava acontecendo. O que descobriram? Descobriram que os japoneses não faziam nada a mais do que os americanos. Pelo contrário, eles faziam coisas a menos: a Toyota eliminou os seus desperdícios referentes ao transporte, movimentação, espera, produção excessiva, inventário, etc., melhorando enormemente a eficiência das suas plantas industriais.

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Esta técnica de produção inventada pela Toyota foi batizada de lean manufacturing, ou produção enxuta, em português. A ideia central da filosofia lean é ganhar competitividade através da eliminação dos exageros, ou, em outras palavras, é preciso perder para ganhar. O legal é que nós podemos aplicar os conceitos lean na nossa vida, e isso nos torna melhores, mais satisfeitos e nos faz melhores gestores do tempo.

Pare para fazer uma reflexão sobre sua vida pessoal e profissional. Será que você não assumiu mais responsabilidades do que gostaria? Você está desempenhando tarefas que são indesejadas? Provavelmente sim, pois todos nós nos encontramos em algum grau nessa escala. Cada vez que eliminamos atividades indesejadas da nossa rotina, nós experimentamos um ganho de tempo extraordinário, porque temos o acúmulo de dois efeitos:

Todo o tempo que antes era dedicado a uma atividade que foi eliminada agora está livre para nós (essa era óbvia);

Com menos atividades para realizar, todo o nosso foco e energia estão voltados para as atividades que ainda nos restam. A tendência é que nos tornemos experts, desempenhando as mesmas com cada vez mais qualidade, cometendo menos erros e de forma mais eficiente e rápida, o que faz com que liberemos ainda mais tempo (essa é bem menos óbvia).

Talvez você esteja se perguntando: beleza, mas e de onde vem essa sobrecargas de tarefas? E o que eu posso fazer para me livrar disso?

alvo

Bem, basicamente eu reparo que o acúmulo de atividades indesejadas ocorre por dois motivos: o medo de dizer não e o medo de terceirizar. Esses são assuntos para outros textos, pois eles merecem ser analisados com mais cuidado. Por hora, gostaria de chamar sua atenção para um fato: da próxima vez que seu chefe, amigo ou cônjuge te pedir para fazer algo, lembre-se que são exatamente esses “pequenos favores” que acabam por tomar seu tempo, desviam sua atenção do que é importante, diminuem o seu foco, baixam sua produtividade, diminuem sua satisfação e ainda geram estresse.

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Para fechar, não poderia de deixar de citar o jargão dos meus amigos minimalistas: menos é mais. A eliminação de tarefas (e até de objetos e relacionamentos indesejados) traz mais felicidade, conquistas, satisfação, qualidade de vida e tempo. O simples é eficiente, sempre foi e sempre será. Invariavelmente, alcançamos o sucesso quando deixamos de lado as ideias e planos mirabolantes e focamos naquilo que realmente funciona. E é por isso que eu terminarei este texto por aqui: escrever mais linhas diminuiria a sua qualidade, pois não traria mais informações novas e tornaria a leitura cansativa. Até a próxima!

 

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