A eficiência japonesa dos “5 sensos” a serviço da boa gestão do tempo

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Já reparou como nossa cultura ocidental é voltada para o que os outros fazem, falam e pensam? Entretanto, muitas vezes deixamos de lado a tentativa de compreender melhor a nós mesmos, a dita inteligência intrapessoal. A cultura oriental, ao contrário, muitas vezes busca justamente exercitar essa inteligência intrapessoal, através de técnicas e reflexões que busquem um maior entendimento sobre si próprio.

Uma destas técnicas é a chamada “Ferramenta dos 5 Sensos”. Senso, no português, pode ser definido como um caminho ou, de uma forma mais filosófica, uma direção a ser seguida… Isso mesmo, “bom senso” é qualidade daqueles sensatos que trilham um bom caminho pela vida, possuem perspicácia e sabedoria para tomar boas decisões nas mais variadas situações.

Talvez você já tenha ouvido falar sobre os 5 Sensos não como uma ferramenta, mas “filosofia”, “método”, “teoria”… Vou me referir a eles como uma ferramenta, pois, apesar de se tratar de algo bastante profundo, a abordaremos como uma ferramenta, um instrumento para você gerir melhor seu tempo.

Os 5 Sensos são originários dos conceitos do Bushidô (algo como “caminho do guerreiro”, em japonês), um código de conduta que reúne diretrizes sobre como os antigos samurais deveriam agir, a fim de viver e morrer com honra. Preceitos como a honestidade, fidelidade, domínio das artes marciais e o não cometimento de excessos – comida, bebida, sexo, etc. – são apenas alguns exemplos de diretrizes presentes no Bushidô.

No nosso caso, você não vai usar a ferramenta para virar um mestre espadachim, mas para economizar tempo. A ideia por trás dos 5 Sensos é mostrar um caminho para que você possa exercitar sua inteligência intrapessoal, praticando a disciplina e o foco necessário para alcançar suas metas de vida, principalmente aquelas relacionadas com o bom uso do tempo.

Os 5 Sensos são preceitos derivados de 5 palavras japonesas que, não por acaso, iniciam-se com a letra “S”, e são normalmente referidos ao espaço físico no local de trabalho. São eles:

Seirisenso de utilização: consiste em utilizar apenas o que é necessário ao trabalho sendo realizado, eliminando o supérfluo;

Seiton – senso de organização: consiste em deixar aquilo que é necessário ao trabalho em seu devido lugar, para que seja fácil encontrar quando necessário;

Seiso – senso de limpeza: consiste em deixar o ambiente de trabalho sempre limpo e em boas condições operacionais. Depois de eliminar o inútil e organizar devidamente o que é útil, os esforços são para manter as coisas assim;

Seiketsu – senso de saúde e higiene: consiste em manter e melhorar a saúde e o bem-estar do trabalhador. De nada adianta cuidar do ambiente de trabalho se o trabalhador não cuida de si mesmo;

Shitsuke – senso de autodisciplina: consiste em ser autossuficiente para seguir os demais preceitos, sempre realizando auditorias periódicas. É mais abrangente do que apenas seguir as normas estabelecidas, pois prevê também que o trabalhador seja capaz de realizar melhorias por conta própria.

Originalmente, esses conceitos foram criados no âmbito corporativo, para que funcionários de grandes empresas criassem um código de conduta que lhes permitisse serem mais eficientes e produtivos no trabalho. Note que esses conceitos podem ser facilmente aplicados às nossas vidas pessoais, inclusive para fazer melhor uso do nosso recurso tempo. Afinal, um funcionário produtivo e eficiente, é um funcionário que usa bem o seu tempo!

Neste momento, eu traço um paralelo entre cada um dos Sensos e atitudes concretas que você deve tomar para aproveitar melhor suas horas diárias. Veja a tabela abaixo:

Senso Abordagem para economia de tempo
Senso de utilização – Utilizar apenas o tempo necessário para atingir seus objetivos de vida, e não mais do que isso;
– Eliminar atividades supérfluas ao atingimento desses objetivos.
Senso de organização – Saber com precisão quanto tempo é gasto em quais atividades
– Fazer uma agenda (de preferência semanal) dos compromissos assumidos.
Senso de limpeza – Manter sua agenda semanal organizada e atualizada;
– Garantir que você possua o tempo necessário para realizar suas atividades semanais, mas sem desperdício.
Senso de saúde – Conhecer e respeitar seus limites de produtividade;
– Fazer escolhas a respeito do emprego do tempo apenas em boas condições de saúda e bem-estar.
Senso de autodisciplina – Possuir autocontrole para pôr em prática os outros sensos;
– Reavaliar periodicamente metas pessoais e os meios utilizados para alcançá-las;
– Buscar sempre o aprimoramento: manter bons hábitos e eliminar práticas malsucedidas.

 

A ideia é que você encare essas atitudes como um código de conduta do bom gestor de tempo. Sempre que você sentir que desrespeitou um dos 5 Sensos, faça uma marcação (hoje em dia existem aplicativos de contadores bastante práticos para smartphones). Ao final de uma semana, veja quantas marcações você tem. Busque, com o passar do tempo, reduzir o número de marcações semanais. Tenho certeza de que tentar se manter dentro do código de conduta já será de grande valia para desenvolver seu foco e autodisciplina para usar melhor seu tempo.

E aí? Pronto para incorporar as ideias dos 5 Sensos para sua vida diária? Eu gostaria de finalizar este texto lembrando que que disciplina e foco funcionam da mesma forma que exercícios físicos: seu condicionamento melhora à medida que os pratica e os exercita regularmente.

Com a gestão de tempo não é diferente. A beleza dos 5 Sensos é que eles facilitam a incorporação da mentalidade para boa gestão, ou seja, fornecem uma diretriz para tomada de melhores decisões a respeito do uso do nosso tempo. Afinal, ganhar tempo é uma viagem para a vida toda, e cabe a você tornar essa viagem emocionante, prazerosa e bem-sucedida!

 

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