Time paraguaio

O Atlético precisa ganhar em Capiatá. A frase é simples, mas a equação a ser resolvida é complexa. Não há fórmulas milagrosas para o Furacão seguir na Libertadores. A única que restou é a de marcar e não sofrer gols. Precisa, então, desafiar a si próprio: fazer exatamente o que não fez nos últimos jogos. Com a bola rolando, perdeu para o Millonarios (1×0) em Bogotá. E, descosturado na defesa, entregou três gols aos paraguaios, na Baixada. A dúvida para Capiatá, então, é se Paulo Autuori vai conseguir lhe moldar com uma simetria que lhe de o exato equilíbrio para marcar e não sofrer gols.

Sabe-se que já em condições normais não é fácil alcançar esse estágio. E as condições em Capiatá não são normais: o estádio é desconfortável, seus estreitos limites parecem colocar 14 mil torcedores dentro de campo, o que aumenta a ambição de um time de cobras criadas e venenosas, como o Deportivo.

Não sou pessimista, mas guardo minhas reservas de otimismo nessas ocasiões quando se trata de Paulo Autuori. Querendo ser muito moderno, torna-se acadêmico, imprimindo ao Furacão um jogo previsível, em que cada episódio tem que ser resolvido ao natural. Com um time em que o único grande jogador está no gol (Weverton), e que o meio-campo – em razão da preferência por Lucho González – sempre parece sob o efeito de sedativo, o Atlético não pode esperar que a natureza resolva a sua vida. É jogo para correr,  marcar,  bater,  ir à exaustão. Ser um “time paraguaio”.

Prova material

Quando escrevi que Hélio Cury, como presidente da Federação Paranaense de Futebol tem um comportamento repugnante, que lhe torna um covarde, não foi para mostrar coragem. Foi por conhecê-lo através dos seus atos à frente da entidade.

Ele é tão sem qualificação para ser “o dono” do campeonato, como afirma ser, que produziu a prova material da sua irresponsabilidade ao impedir a realização do Atletiba.

A súmula do árbitro não lhe dava outro caminho a não ser mandar o caso para o tribunal denunciar e julgar Atlético e Coritiba. Mas ao invés de bancar os seus atos, resolveu deixar o dito pelo não dito e remarcar a data do clássico.

O reconhecimento do erro, às vezes, não mostra dignidade. É que há erros irreparáveis, cujas as consequências já se consolidaram. Daí, a tentativa de reparação é a representação viva de que a falta de dignidade não é interior, mas material, está nos atos da pessoa. É o caso.

Se tivesse dignidade, Hélio Cury teria uma única maneira de reparar o dano: renunciar. Resta saber se Atlético e Coritiba irão, também, deixar o dito pelo não dito. Não ficaria bem se Petraglia e Bacellar ficassem de reservas no time de Cury.