Segue o enterro

Entre Coritiba e Atlético a diferença é de dois pontos. Pode parecer razoável, mas, ainda, não é. E digo porque: exaltar uma diferença em posições que humilham, é dar sentido ao estágio de pequeno. Esfarelados, os dois não ganham há um mês.
Pode parecer que há uma outra diferença. O Coritiba fracassa como vítima da incapacidade de comando, que produz sem nenhum critério alterna técnicos (em seis meses vai para o terceiro), e faz circular jogadores, em um entra e sai sem fim.
O Atlético fracassa como vítima da capacidade de seu comando em mentir, uma praga que se infiltrou no clube para subtraí-lo da sua torcida. Praticada sem nenhum constrangimento, alterna técnicos (só esse ano com interinos foram cinco), e faz circular jogadores por conta de um projeto que está bem escondido pela cobertura retrátil. Mário Celso Petraglia que já foi chamado de revolucionário, futurista, deus, quebrador de paradigmas, agora pode ser chamado de Pinóquio.
Não há diferença entre um motivo e o outro, porque incapacidade e mentira no futebol têm o mesmo núcleo conceitual e o mesmo sentido, pois no fim criam a ilusão e danos no sentimento do torcedor.
O Coritiba, agora, vai se agarrar em Marcelo de Oliveira. Pelos seus últimos trabalhos, é apenas um fio diante da falta de recursos do time para se sustentar até o final do campeonato. Talvez, Marcelo, por conselhos, ajude a não permitir que essa incapacidade diretiva seja tão escancarada.
Mas o que esperar de Oliveira se ele afirmou que perdendo de 2×1 para o Flamengo, o Coritiba “se reabilitou psicologicamente”?

E o Furacão?

Na derrota, aliás justa para a Ponte Preta, na Baixada, afastou qualquer dúvida de que a sua situação é gravíssima, porque mente para si próprio. Trouxe um técnico, o senhor Soares, que está conseguindo superar todos os mais recentes: se antes o Atlético jogava mal, agora, simplesmente não joga. Como na derrota para o Cruzeiro, ontem desajustado, fez o mesmo joguinho raso, com a bola girando de pé em pé, sem o objetivo final, que é chegar à área. Chegar ao gol, então, nem se deve sonhar, pois o gol passou a ser o infinito. E se não bastasse, dá-lhe jogador. Ribamar, o trombador, já mostrou que a bola não lhe é cara. E se não bastasse, Weverton e Thiago Heleno estão inseguros, e Nikão está sendo sufocado pela desorganização tática. Se fosse racional, se não praticasse atos do mundo do faz-de-conta, Petraglia demitiria hoje o treinador. Porque se não o fizer, terá que fazê-lo na hipótese de derrota para o Vasco, no Rio de Janeiro. Se demiti-lo hoje ganhará uma semana.
O melhor do jogo da Baixada, que viu pela televisão, foi a narração de Linhares Júnior.
Que narrador agradável.