Razões de dúvida

O repórter Daniel Malucelli, em matéria de pesquisa, no site da Gazeta do Povo, expõe o tratamento desigual que é dado aos campeonatos estaduais pela Rede Globo. Na escala de premiação dos clubes de elite (primeira divisão), o único que não recebe é o Clube Atlético Paranaense.

Sempre concordei com a essa dissidência do Furacão. Forte na razão insuperável de reclamar critério mais justo, em especial que buscasse enfrentar a desigualdade, simplesmente não se dispõe a fazer negócio.

O Atlético está esgotando as suas razões.

Na execução do seu objeto social como associação, que é o futebol, está perdendo valor. Não se confunda com o seu notável poder econômico, mesmo com um patrimônio alienado por causas judiciais. Poder econômico não significa poder esportivo. Aquele é forjado com pedra e cimento; esse por ideal, paixão e conquistas dentro de campo.

Ocorre que o Atlético quer valorizar um produto que a cada dia fica empobrecido por não ter ídolos e títulos. Por sua política de retração esportiva, continua reduzindo as conquistas de campo, tornando-as irrelevantes. O seu objeto social imediato deixou de ser o futebol como jogo que provoca a paixão, adquirindo o sentido finalístico para a realização de negócios.

Os atleticanos, que já estão sob a censura do regulamento da biometria, do preço dos ingressos e do direito de associação, não poderão ver o time no Estadual pela televisão. Está próximo o dia que será impossível ver o Furacão jogar.

É da lógica da vida: quando a razão se quebra, deixa de ser razão. Hoje, há muito mais razões para duvidar da razão, que sustenta a intransigência do Atlético.