O retorno da Gralha

Havia 84 dias e o velho pescador Santiago, sem o menino Manolín, que saíra sozinho para o mar, não conseguia apanhar um único peixe. Bem por isso carregava a fama de “um pescador azarento da pior espécie”. Em alto mar, protegido por seus sonhos e pensamentos, profundas tristezas e uma ingênua alegria, inicia uma luta pela sobrevivência e pela própria alma de pescador. No final vence os tubarões, mesmo trazendo apenas a carcaça do grande peixe que pescou.

Em alto mar, Santiago buscou no fundo da alma a sua grande esperança, dizendo para si próprio: “O homem não foi feito para a derrota. Um homem pode ser destruído, mas não derrotado.” E a estória termina, com o velho pescador dormindo cheio de felicidade, “sonhando com leões”.

O Paraná, lembrando-me o velho Santiago, parece ter saído da obra maior de Ernest Hemingway, “O Velho e o Mar”. Assim, às vezes falecido, às vezes apenas sobrevivendo, e depois revelando uma capacidade de persistir para viver, voltou à elite do futebol brasileiro.

São raros os exemplos de luta e fidelidade com o ideal, com seus propósitos históricos de existência, de voltar a viver depois de ter feito um acerto de contas com o seu passado.

A vitória em Maceió (1×0) foi uma vitória qualquer. Embora a sua importância de momento, teve o mesmo significado das vitórias e derrotas que marcaram esses dez anos. Nada foi mais importante do que a essência dessa luta, que transformada numa saga, faz com que os paranistas pensem que Fernando Pessoa escreveu só para eles: “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo …”.

Essa coluna é uma homenagem à Renato Trombini, e à memória do saudoso Idelanir Ernesti.

Vitória

Já tinha escrito. Quando há uma obrigação de ganhar, nada que não se resolva contra um time carioca. O Atlético precisava ganhar para afastar a sua crise técnica, e aí surgiu o Vasco, na Baixada. Bingo: Furacão 3×1. Mas não foi só pelo Vasco ser carioca, foi porque o Atlético fez um bom jogo e com soluções improváveis com gols de Douglas Coutinho (o melhor em campo, vejam só) e Fabrício. Thiago Heleno fez o primeiro. E, assim, o Furacão terá uma semana para continuar fazendo promessas.

Derrota

O goleiro Wilson é um santo, mas é mortal. Daí ser passível de pecados. Falhou em Belo Horizonte (e feio) e o Coritiba desabou. Galo 3×0. Só que os coxas não perderam apenas pelas falhas de Wilson. Foi porque voltaram a jogar o futebol que lembrou o time que há tempo luta contra o rebaixamento.