O melancólico Furacão

Em Campinas, Ponte Preta 2×1 Atlético. As obras imortais eternizam-se para nós mortais usá-las. Ainda, assim, peço desculpas a Vinícius de Moraes: o Furacão que anda jogando, é só a tristeza e a melancolia do seu “Chega de saudade”.

Em Campinas, foi melancólico. Foi um time doente, por não ter alma; um time dominado, por não ter organização; e, um time entregue a si próprio, por estar consciente de que já não tem mais recursos para alcançar outro objetivo no campeonato.

A forma como a derrota para a Ponte Preta ocorreu, torna possível afirmar que o comando (Petraglia e Autuori) e os jogadores estão convencidos de que o limite era mesmo não ser rebaixado.

A submissão à Ponte Preta por falta de disposição, enquanto vontade para ganhar, é elemento subjetivo. A impressão que domina o torcedor, pode não ser a representação da vontade, concordo.

Mas no caso do Atlético a falta de vontade é apenas mais um elemento. O motivo principal está na falta de qualidade do time e no seu comando. Ontem, Zé Ivaldo, Fabrício, Pavez, Guilherme, Ribamar, Ederson e Douglas Coutinho, provaram o quanto seus recursos são desprezíveis.

Mas não há nada mais grave do que Fabiano Soares no comando. É incapaz de enxergar mesmos erros jogo após jogo, que incapacitam o time de qualquer reação. A impressão, às vezes, é que ele tem o mesmo problema que um dia Paulo Autuori confessou ter: vê mas não enxerga o jogo.

Pois quero dizer, que estou convencido de que todos no CT do Caju estão absolutamente certos: não ter incomodado pelo rebaixamento, já foi um grande negócio. E parecem felizes.

Perigo

Algo estranho está acontecendo no Paraná. Qual a razão de tamanha insegurança para jogar fora da Vila? No empate sem gols com o Santa Cruz no Recife, o time depreciou-se como havia ocorrido em Pelotas na derrota para o Brasil.

O Paraná arrumou uma grande encrenca quando já tinha praticamente a vaga de retorno. Agora não a disputa mais com um time comum, sem história, como o Oeste. A disputa é com o Londrina, um time de tradição, comandado por Sérgio Malucelli e dirigido por Ocimar Batista Bolicenho, que no futebol ensinam a dar nó em pingo d’água.

Risco

A derrota do Atlético para a Ponte Preta, voltou a carregar o Coritiba de pressão. À noitinha, fui comprar pão, e um coxa me provocou: “Entregaram o jogo”. “Ora”, respondi. “O Atlético é incapaz de resolver o seu problema, como pode resolver o problema dos outros?”.

Cada qual com seu igual, dizia o pensador romano Cícero. O Coritiba que trate de ganhar do Flamengo para evitar maiores emoções neste final de campeonato.