O Furacão perfeito

Aprendi com o notável Evaristo de Macedo, em 1996, que a escalação de um time e a ordem de jogo sempre serão tarefas simples para o treinador, desde que ele seja coerente com os fatos.

Nunca uma lição foi tão verdadeira para explicar a vitória do Atlético nesse jogo na Baixada.   Dois Atléticos estiveram em campo contra o Fluminense.  De início, o mal escalado com Lucho Gonzales e o improdutivo Fabricio foi, também, mal ordenado, pois obrigando Nikão e Gedoz jogarem pelos lados, ficou sem meia.    E exigindo as caídas laterais de Ribamar, tirava-o da área. Esse Atlético “autuorizado”, perdeu: 1×0, gol de Dourado.

No segundo tempo foi outro Atlético.  Desculpe, um Atlético de futebol tão belo, em técnica e individualidade, que nunca tinha sido visto neste campeonato. E bastou o simples:  o menino Rossetto em campo, e Lucho fora dele.  O Furacão ganhou forma: com Rossetto, Gedoz passou a jogar na faixa de centro, de frente para o gol.   E Ribamar dentro da área, ficou na cara do gol.  Com Sidicley, na lateral esquerda, alcançou-se a perfeição.

A consequência foi natural e imediata:  o empate com gol de falta Gedoz, passou a ganhar traços de vitória definida com o gol de Ribamar.  A supremacia do Furacão era tamanha, que até o pênalti em Ribamar pode ser esquecido.

Não é egoísmo, mas, às vezes é preciso não deixar dúvidas da supremacia.     O Atlético precisava mostrar um pouco de soberba.  E ela se apresentou no último minuto de jogo.  A bola chapada pelo pé esquerdo do admirável Jonathan “o do bonde” tornou o Furacão bendito. Esse Atlético ganhou de 3 a 1.

Rossetto foi o melhor.

Última bola

Já era o último minuto de um jogo elétrico, que submetia a torcida do Paraná à tortura. Foi quando a última bola caiu com Renatinho, pela esquerda, e longe do gol.

Mais do que talento, a bola parecia pedir a Renatinho tratá-la com inteligência. Só havia segundos (os outros eram do LEC) e qualquer outra jogada iria bater no muro construído pelo Tubarão.

E, então, como imaginaria Nelson Rodrigues, a bola exigiu de Renatinho:  “Me chuta! Me chuta! ”  E Renatinho, parecendo ter saído de uma escola de cálculos, chutou a bola com variantes. Depois de subir, desceu caindo exatamente onde deveria cair:  na trave do ângulo esquerdo de Cesar e daí para dentro do gol. Vitória do Paraná (2×1), e finalmente, a vaga no G-4.

A espera pela última bola do nosso time do coração nos maltrata.  Mas quando ela vem e entra como a de Renatinho, nem a morte é capaz de apagar da memória.