O filho de Nelsinho

Conheci-o, em 1988, quando era adolescente. Cresceu agarrado na barra da calça do pai. Então, teria mesmo que dar certo: seu pai é Nelsinho Baptista. Por ordem, o pai: seus atributos pessoais tornam-o uma espécie humana rara nesse mundo poluído do futebol. Transportados para o técnico, formou uma personalidade atípica, como é a que tem como núcleo, a humildade. À partir dela, para Nelsinho ganhar títulos passou a ser uma rotina de vida. O primeiro grande título foi o de campeão estadual pelo Atlético Paranaense, em 1988.

O filho é Eduardo Baptista, o novo treinador do Furacão. É impossível a minha geração não associar pai, filho e Atlético. Mesmo que largando a barra da calça do pai, com personalidade própria, há dois anos vem mostrando sinais fortes que pode repetir os exemplos de vitória do berço.

E vejam como o mundo é pequeno. Em 1988, Nelsinho, que iniciava a sua carreira, precisava de uma chance depois de uma má campanha na Ponte Preta. O Atlético lhe deu, e à partir daí, nunca mais parou de ganhar.

Diferente do pai, Eduardo começou por cima. Sport, Fluminense, Ponte Preta e Palmeiras, todos da elite nacional. Não conseguindo marcar com conquista no Fluminense e Palmeiras, tem que recomeçar. E como foi para o seu pai em 1988, não poderia ter um lugar melhor: o Furacão. Mas, diferente do pai, o clube agora para comprar camisa, meia e chuteira não precisa do idealismo de dirigentes.

Aposentadoria

Mário Celso Petraglia, parece, está aprendendo sobre os momentos que reclamam a intervenção do dirigente. Não esperou o jogo do Flamengo para tomar providências, depois do fracasso do Furacão no domingo para o Grêmio. De forma compulsória, aposentou Paulo Autuori. Se esperasse mais pouco, as derrotas e as frases sem nexos iriam desgastá-lo, ainda mais, com a torcida. Para não ouvir “fora Autuori”, Petraglia tornou a sua saída um fato inevitável.

E não foi só por isso. Dos técnicos da nova geração para atender o padrão do Atlético, somente Eduardo Baptista estava disponível. Consciente que se perdesse Baptista o Atlético teria que correr o risco com Pivetti, já desgastado com os jogadores depois do atrito com Paulo André, ou teria que apostar em uma alternativa de mercado.

A presença de Paulo Autuori no comando do futebol não irá influenciar o trabalho de Eduardo, que exatamente por ter uma personalidade forte, foi demitido do Palmeiras.