No Tempo das Diligências

Bem mais do que literatura, tornou-se fato. Nós, torcedores, sempre fomos e continuamos devotos de três posições de um time: o goleiro, o meia e o centroavante. Como consequência, as outras posições passaram a ser secundárias, só ganhando importância com o tempo e a diversificação de esquemas táticos criados para atender o princípio de que futebol se resume em ocupação de espaços.

Goleiro nunca faltou.

A partir de Taffarel, o mundo descobriu o goleiro brasileiro, motivando-se a importá-lo. Para o consumo interno, nunca faltou goleiro para os clubes brasileiros.

Mas já não se pode falar o mesmo do meia e do centroavante. Do meia, porque a cultura que o criou associa-o à obrigação de ser craque. E craque jogando na meia (e aí não se enquadra Neymar), o Brasil há muito tempo não tem. Estava certo Jerry Maguire, o discreto agente que descobriu Messi e Maradona, quando há um ano afirmou: “Não ficou nenhum jogador no Brasil, desde a saída de Neymar, pelo qual valha a pena pagar a passagem de avião necessária para trazê-lo com a sua mulher, para Barcelona”.

Mas a falta de um grande meia pode ser enfrentada por um bom esquema. O que me intriga é a falta de centroavante. Não me refiro ao estático e grosso. Mas o que consegue ter a sua natureza composta da técnica, inteligência e visão da bola dentro da área.

Trato deste tema para chegar à questão central: os goleadores são raros por que os esquemas, criando o “falso 9”, acabaram com os da moda antiga, ou por que não há capacidade de pesquisa na gerência do futebol dos clubes?

O Coritiba continua pagando os seus pecados sem Kléber. Sem ser craque, é um dos últimos remanescentes da geração à moda antiga. Sem ele, a área adversária virou uma ilha de felicidade.
O Atlético há anos acusa a falta de um grande centroavante.

No seu passado recente exibiu-se com Oséas, Paulo Rink, Kleber (o Incendiário), Alex Mineiro, Washington “Coração Valente”. Agora, briga com a falta de capacidade de seus executivos. Como se tivesse a winchester de John Wayne, atiram para todos os lados: Luiz Henrique, Grafite, Ederson, Crysan, Eduardo da Silva e agora Ribamar foram contratados – presumo, existindo do departamento de inteligência, muita análise.

Ao contrário da winchester de John Wayne em “No Tempo das Diligências”, que matava todos os bandidos, a do Atlético errou todos os alvos.

De primeira

Amanhã eu escrevo sobre o uso da biometria para aentrar nos jogos da Baixada.