A marca da vergonha

O treinador Paulo Autuori já havia reduzido a importância do título paranaense conquistado pelo Atlético, em 2016. Lembremos do fato: o Furacão não ganhava um título havia anos. Já criara um trauma em perder decisões, na Baixada, para o Coritiba. Desta vez não só ganhou, como humilhou: 3×0 na Baixada, e 2×0 no Couto. Só que o mesmo Professor que comandou a criação da obra (Valter fez o prefácio), um ano depois, rasgou-a, negando-lhe importância: “Não coloquei o título de 2016 no meu currículo”.

Desconsiderei a frase de Autuori. Sendo pessoa de bem, sabe do sentimento que qualquer título sobre o rival provoca no torcedor. Culto, já deve ter lido o imortal Fernando Sabino para quem “o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem”. No futebol, quer dizer: vive-se o momento, independente da sua origem.

Só que, na mesma toada, o Professor voltou a afirmar: “Será uma vergonha ter no meu currículo o título desse campeonato (2017)”. Desta vez considerei que Autuori foi insensível com a torcida. E mais: contrariando a sua independência, concordou com ordens superiores para atender os caprichos do patrão, que nunca negou que o custo benefício de um título é muito oneroso. Daí ter escalado um time de base.

Desprezou-se a grande verdade: o Atlético é maior que todos. Se, às vezes faltam-lhe recursos técnicos e individuais como ontem, sobra-lhe a força irradiada pela sua camisa. Por ela, ganhou a semifinal do Londrina, em Londrina, nos pênaltis (5×3), depois de perder com bola rolando (2×1).
O Furacão, agora, vai decidir com o Coritiba.

É inevitável a pergunta para Autuori: ganhar o bicampeonato em cima dos coxas irá imprimir a marca da vergonha em seu currículo?

Lógica

Um gol no início de um jogo decisivo, tem a capacidade de quebrar a expectativa do time obrigado a ganhar. Quando marcou com Henrique Almeida aos nove minutos de jogo, o Coritiba quebrou o encanto do Cianorte. Nessas situações nem um gol do adversário, criando uma aparente ameaça, é capaz de mudar o rumo das coisas. E as coisas terminaram como a lógica previa: os coxas estão na final com o Atlético.

Voltei.