Imagens depressivas

Somos torcedores em estado de melancolia. Não faltam motivos, sobram causas. E a causa principal são as comparações inevitáveis, entre as imagens de um jogo jogado aqui, com as imagens que a televisão traz da Europa.

Quando são imagens da Liga dos Campeões, então, passamos da melancolia à depressão. Na terça quando eu vi, e sem saber a razão, estava torcendo pelo Liverpool.

A própria Globo importa essas imagens transigindo com a sua grade de programação. Por cravarem em nossa memória, essas imagens nos provocam impaciência. Precisamos ganhar consciência da nossa realidade. De repente, as coisas por aqui são, também, agradáveis.

Explicações

Já concordei várias vezes: o critério de remuneração pela cessão dos direitos de televisão é injusto no Brasil. Sob o argumento de que a referência é audiência, cria um estado de discriminação. Mas a Globo sempre assumiu esse critério. Certa ou errada, justa ou injusta, sempre foi transparente.

A impressão é que isso não ocorre com a Esporte Interativo. Nos últimos dias, as notícias não desmentidas, indicam que o grupo americano está tornando controvertidos os contratos com os seus clubes contratados.

Primeiro, causa um desequilíbrio ao interpretar a natureza do dinheiro que já foi pago. Enquanto os clubes afirmam que o valor de 40 milhões de reais foi pago como uma indenização pela assinatura (exclusividade) do contrato, o EI diz que foi um adiantamento para ser descontado no crédito a partir de 2019. Há falta de lógica no que a televisão diz ser “adiantamento”, quando a intenção dos clubes era negociar a exclusividade e abrir concorrência.

Agora, vem a denúncia de que o Esporte Interativo pagou 100 milhões de indenização para o Palmeiras, quando não poderia afastar-se do limite de 40 milhões. O argumento é o de que comprou os direitos de “jogos amistosos internacionais” do clube. Se for verdade esse fato, o que era uma interpretação discutível, passa para o campo perigoso de um ilícito grave.