Ilusões e delírios

Hoje (19) à noite, no Morumbi, o Atlético Paranaense joga contra o São Paulo a sua sequência na Copa do Brasil. Uma eventual exclusão do torneio seria até natural para quem já foi eliminado por times de quarta divisão, como o Tupi de Juiz de Fora.

Mas acontece que esse Furacão anda afastando-se da naturalidade do que se joga no futebol brasileiro. Por compreender e adotar as ambições táticas do treinador Fernando Diniz, passou a despertar interesse e a provocar curiosidade: quem é esse Atlético afinal? É possível afirmar que o Brasil está de olho no Furacão da Baixada.

Eu mesmo, provocando os meus sentimentos que estão vivendo um ano sabático, reagi e fui capaz de afirmar que o futebol do Furacão de Diniz lembra uma versão, mesmo que tímida, daquele modelo que o mundo tratou como futebol total.

Para essa nova geração de atleticanos, lembro que o futebol total foi aquele criado pelo treinador Rinus Michels, na Holanda de 1974. Naquele modelo, os jogadores não guardando posições, usavam passes curtos, passes longos, em velocidade, quebravam o ritmo, executando todas as funções de defender, marcar e atacar. Era uma coisa tão fantástica o jogo holandês, que foi associado ao tema do inovador filme “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick, que que trata da técnica de comportamento. A revolução que Michels e Cruyff fizeram no campo, Kubrick fez no cinema.

Coloco o verbo no tempo passado, porque, após 48 anos da “Laranja Mecânica” holandesa, foi impossível adotá-lo em razão da exclusiva qualidade individual e grau de inteligência daquela geração de comandada por Cruyff.

O caráter passional do futebol é pródigo em criar essas ilusões. Nós, muitas vezes, em razão dele, tratamos um simples momento como uma realidade absoluta e definitiva. Esquecemos que o resultado do futebol, sendo alienado às mais variadas circunstâncias, algumas delas fora do nosso alcance e da nossa vontade, não é duradouro. Tudo é eventual, por mais longe que vá. É exatamente por isso que no futebol a única verdade é a vitória.

Desculpe, o leitor, eu sei que imaginar o Furacão de Diniz jogando o futebol total com alguns intelectos como Nikão, Ribamar e Carleto, e a vontade de Guilherme, pode ser um delírio. Mas ainda conservo as minhas paixões. E, algumas, não nego, provocam-me delírios.

Fuga

A pretensão do Paraná era fazer o jogo das 11h de domingo na Arena da Baixada. Recuou diante das exigências (justas) do Atlético: além do valor fixo de 400 mil reais, o Furacão exigiu mais 23% da renda bruta. Daí, a diretoria do Tricolor propôs emprestar o Couto Pereira. O Coritiba, como sempre, não pediu nada, e como sempre, usou o gramado como desculpa para não locar o seu estádio.