Ilusão e realidade

Se não bastassem os dias de carnaval, à tardinha desta quarta-feira, o brasileiro, ainda de voltar à realidade do nosso futebol, procurou viver um pouco mais de ilusão.

Parando para ver Real Madrid x Paris Saint-Germain, e em especial Cristiano Ronaldo x Neymar, pela Liga dos Campeões, quis passar noventa minutos em mundo que para ele é irreal. E conseguiu.

O Madrid, mesmo perdendo e dominado, reagiu com a tradição, as estrelas da camisa, provocando desequilíbrio emocional nos franceses. Aconteceu o que se dizia antigamente: os franceses tremeram. Ganharam Real e Ronaldo: 3×1. Neymar mostrou que está bem longe de Ronaldo, Messi, e agora, de Bruyne, do City, por faltarem as virtudes de equilíbrio e de decisão nos momentos complexos de um jogo.

O jogo no Santiago Bernabéu foi daqueles que nos imobiliza durante 90 minutos. Foi daqueles jogos que, para quem gosta de futebol como uma ciência dependente da provocação da inteligência do homem para fazer variar onze jogadores, e das reações humanas diante de situações irreversíveis, foi inesquecível.

Não são poucos os leitores que me chamam de comentarista de resultados. Até o segundo gol de Cristiano Ronaldo, o treinador do PSG, Unai Emery, um espanhol da região basca, era a mente brilhante da parte. Mas bastou tirar Daniel Alves da lateral e empurrá-lo para o meio, e que Zidane motivado pelo desespero, enchesse o time de atacantes, e que o extraordinário brasileiro Marcelo fizesse o terceiro gol, para tudo mudar. Zidane assumiu a condição de herói, e Emery de responsável pelo fracasso do PSG.
E o que é o futebol se não é um jogo de resultado?

Esgotada a última ilusão, já bem à noite, voltamos a nossa realidade: ver Toledo 0x2 Coritiba foi de sentar no sofá e tentar dormir para não chorar. Menos mal que o Coritiba ganhou e vai jogar uma semifinal com o Foz. E que o Atlético, aquele que joga, mesmo com o seu terceiro time (é uma ofensa ao sócio), vai decidir com o surpreendente Rio Branco, que ganhou do Paraná.

Um Atletiba está sendo acenado para a final desta fase. Para o azar da FPF e da televisão.