Certa vez, Clarice Lispector, enquanto repórter do Jornal do Brasil, perguntou a Nelson Rodrigues: “Você é da esquerda ou da direita”. O grande Nelson respondeu: “Eu me recuso absolutamente a ser de esquerda ou de direita. De parte a parte todos são canalhas. Eu não quero ser nem canalha de esquerda nem canalha de direita”.
Lembro dessa passagem da literatura de Clarice, em razão do momento em que vivemos. Leitores criticam que eu estaria nas entrelinhas apoiando Fruet, porque seria da direita. Nunca usei as entrelinhas para dar uma opinião. Não apoio Fruet, eu vou votar em Fruet. E não por ele ser da direita ou da esquerda. Aliás, nem sei qual é a sua tendência, se é que algum político nos dias de hoje possa dar o conceito puro de ideologia.
Vou votar em Fruet, porque ele não é canalha.
Promessas
A diretoria do Coritiba calou sobre a construção de um novo estádio para o clube. Esconde o motivo. Revelo aqui. De fato, empresários chineses vieram a Curitiba para tratar de uma parceria com o clube na construção de um estádio multiuso, inclusive com natureza de shopping. Depois de analisarem o mercado, a situação econômica financeira do Coritiba, o pequeno potencial de apelo de Curitiba e a existência do estádio do Atlético Paranaense, concluiram que o risco de fracasso do empreendimento seria muito grande.
Agora, o Coritiba estuda uma simples reforma no Couto Pereira.
Talvez, seja a solução. A literatura brasileira está comemorando os 60 anos de “Morte e Vida Severina”, poema de João Cabral de Melo Neto, que musicado por Chico ensina: “Esta cova em que estás, com palmos medida. É a conta menor que tiraste em vida. É de bom tamanho, nem largo, nem fundo. É a parte que te cabe deste latifúndio”.
A mensagem é de que temos que ser feliz com o que nos coube.
Principalmente se já está pago.
Impacto
A foto de Roberto Fernandes, novo treinador do Paraná, vestido à vontade e tomando chopp (era o primeiro?), causou um impacto negativo na opinião pública. Um péssimo exemplo, sem dúvida. Agora lembrei que Bob Fernandes passou rapidamente pelo Atlético. Quando chegou, exigiu um estacionamento privativo para o seu carro, não querendo se misturar com jogadores e funcionários. E depois, para justificar uma derrota do Furacão, disse que “faltou testosterona” aos jogadores.
Os tricolores que se preparem para mais emoções.