Herança

Na Baixada, pelo Brasileiro, Atlético 1 x 1 Flamengo.

Não se pode analisar o Furacão na estreia do treinador Eduardo Baptista sem considerar a herança que recebeu de Autuori: um time sem ordem tática, por jogar espalhado; sem preparo técnico, por ter única jogada especial; desalinhado, por não ter conexão entre os setores.

Então, é possível afirmar que embora sem brilho, o Atlético melhorou, tendo um sentido de conjunto. Por ser mais simples, quase convencional, atendeu o princípio básico do futebol, que é a ocupação de espaços.

É verdade que saiu perdendo, em outra falha de Paulo André, o que reclama uma chance para Wanderson. Mas o sentido que lhe foi dado o fez absorver com naturalidade o gol tomado, continuando a ocupar espaços no campo do Flamengo. Era para empatar com Nikão, mas sem saber cabecear por falta de trabalho técnico, Nikão perdeu; e era para marcar duas vezes com Grafite, mas sem forças para concluir as boas jogadas que fez, perdeu. E depois do gol de empate de Thiago Heleno, na etapa final, não ganhou porque Douglas Coutinho não consegue pensar e jogar ao mesmo tempo, perdendo para Muralha a bola do segundo gol.

O passivo da herança que Eduardo ganhou não se limita a falta de ordem. Esse até ele tem capacidade de pagá-lo. O ônus está em ter que resolver os gols, com os atacantes Ederson, Douglas Coutinho, Grafite, Eduardo da Silva e Guilherme, todos sobras do mercado. Não houve destaque individual no jogo da Baixada.

Ponto final

O grande jornalista, que não é o meu caso, às vezes não precisa mais do que um curto espaço para dar o ponto final na análise de um jogo. É que concentra tudo em um fato, que pode muito bem ser o resumo dos 90 minutos.

Pergunto: precisa ir além do gol de Rildo para explicar a vitória dos coxas, sobre o Vitória, na Fonte Nova? Então, lembremos do gol: o Coritiba, que sempre atacou, aos 27 minutos do 2º tempo fez um pela direita, com o improvável Tiago Real. Rildo anteviu que a bola cruzada poderia iria no vazio da área, entre os zagueiros. Então correu e chegou no mesmo instante que a bola. Faltando-lhe espaço para virar o corpo, e faltando-lhe tempo a dominá-la, inteligente, bateu de letra.

A síntese do jogo, portanto, recepciona todas as virtudes do Coritiba em Salvador: organizado ao ponto de chegar ao equílibrio perfeito no segundo tempo, atacando com a consciência (aqui, trata-se de inteligência) para buscar espaços a serem ocupados e a serem marcados, jogou bonito como o gol de Rildo.

Galdezani foi o melhor.