Gol de literatura

Na Arena de Itaquera, Corinthians 2×2 Atlético Paranaense.

Em qualquer circunstância, um ponto na Arena de Itaquera, sob a pressão de “40 mil loucos”, contra um Corinthians em estado de graça, não é fato para ser reduzido a um pontinho.

E nem mesmo se for considerado que esse ponto tenha sido produto do acaso, como pode ser interpretado o chute de Otávio com direção improvável, e que foi desviado pelo zagueiro Balbuena. Os lances que decidem o placar de um jogo, como o do Itaquerão, não podem ser destacados do contexto.

Do primeiro até o último lance, há uma interligação. E, assim, é possível afirmar que o empate foi absolutamente justo.

E digo mais: o Furacão impressionou no primeiro tempo. Marcando como não marca, avançando os lados como não avança, permitiu que Jonathan marcasse um gol que a história já escreveu como inesquecível.

Fácil de dissertá-lo: ganhou uma bola na linha de fundo, e foi driblando, passando por quatro corintianos. E quando já não tinha mais ninguém para driblar, jogou no canto direito de Cássio. Jonathan, no seu gol, encerrou toda a beleza que há no futebol. Pura literatura.

Mas, talvez, o Furacão se assustou com tamanha beleza. De imediato, entregou-se para gols de Jô. Quando parecia perdido, veio o acaso para tratá-lo com justiça, desviando a bola no chute de Otávio. Desconfio que o acaso, quis homenagear Jonathan, que não merecia perder.

Esse ganho pelo Atlético provoca mais impacto moral do que matemático. A partir dele pode melhorar, mesmo que tenha que por Nikão durante 60 minutos, e tendo que atacar Douglas Coutinho durante 90 minutos.

Fantasmas

No Couto Pereira, Coritiba 1×2 Fluminense.

Foi como escrevi lá em cima. Não se pode destacar um lance e aponta-lo motivo para o resultado de um jogo. Se fosse assim, seria cômodo explicar essa derrota dos coxas. Afinal, nada mais é ostensivo como motivo, um pênalti perdido, como o perdido por Henrique Almeida.

Mas esse foi apenas o ponto de partida para o Coritiba perder o jogo. Desorganizado, perdeu a consciência (se é que tinha), de que um time de Abel sempre é traiçoeiro ao se deixar dominar, para atacar em velocidade. Assim, o Fluminense marcou e liquidou o jogo, ainda, no primeiro tempo.

Gritaram outra vez contra Pachequinho.

Mas e o time será capaz de jogar mais do que jogou com um outro treinador?