Falta de dono

Já passam quatro anos, mas o Coritiba não se emenda. Nesse ano, como nos outros, está luta contra suas carências e contra os números para não ir jogar a Segundona.

Uma vez, fica por conta do imprevisto que é provocado pelo equilíbrio do Brasileiro. Duas vezes pode até ser razoável por conta de eventual um projeto sem o caráter imediatista. Mas quatro vezes torna uma pergunta obrigatória: o que acontece com os coxas?

Projeto não há: a curto, a médio e a longo prazo, tudo é improvisado, porque há submissão do comando à qualquer reação da arquibancada. Pode ser por qualquer motivo, menos pela convicção que resulta na consciência e na coragem do dirigente.

Como repórter de gravador e caderninho, passei mais de duas décadas da minha vida dentro dos clubes. Entre as lições que aprendi, há uma que nunca perde atualidade: um clube intenso como é o Coritiba não deve ter um estatuto que equilibra as funções de presidente e dos vices. Muita gente atrapalha. É que o futebol, em regra, exige decisões de imediato. Às vezes, ser imediato não significa necessariamente ser intempestivo. Por ser esse um dos princípios do gerenciamento do futebol, o presidente tem que ser o dono da decisão, mesmo que, às vezes, aparente uma arbitrariedade.

No Coritiba tudo é demorado. Qualquer decisão de uma questão mais séria só é tomada depois de uma reunião de cinco ou até mais dirigentes ou conselheiros. Isso, quando é tomada, pois às vezes é adiada por um jogo de culpa e de vaidades. Aliás, no futebol (e não é só nos coxas) não há espécie mais sensível pela vaidade do que o cartola.

Se o Coritiba não mudar, ou se mantendo o G-5, continuar sendo mandado por cinco, não será coincidência, irá para o quinto ano. Isso se tiver o quinto ano.

Já deve algum leitor perguntar se tem que fazer igual ao Atlético.

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Se quiserem, qualquer dia eu explico a diferença.