Desprezo e fim

Apenas para lembrar: os conselheiros do Atlético exigiram que Mario Celso Petraglia reunisse-os para que fosse decidida a demissão do técnico Fernando Diniz. Já passou uma semana, Petraglia não convocou a reunião e Diniz voltou a trabalhar afirmando ter “novas ideias”.

O silêncio é a mais perfeita expressão do desprezo: o pensamento do irlandês Bernard Shaw serve bem para explicar a reação silenciosa do dono do Atlético face as ameaças dos Conselheiros.

Poderia ter marcado a reunião e defendido a sua intransigência de manter o treinador. Poderia ter afirmado que essa é uma decisão exclusiva do Conselho Administrativo (e é), e que ela já foi tomada ou seria tomada. No entanto, usando o silêncio como instrumento, ignorou o Conselho Deliberativo, virando-lhe as costas, remetendo-o ao desprezo.

Como questão da crise, a permanência de Fernando Diniz deixou de ser relevante. É um simples treinador, que, em um dado momento, Petraglia irá dispensá-lo por vontade própria.

A questão central passou a ser o esgotamento legal moral dos atleticanos que compõem o Conselho Deliberativo. É razoável concluir, que se esses são ignorados pelo presidente do órgão, e aceitam o desprezo, não têm mais legitimidade para exercerem a função.

O Furacão é um clube que na prática não tem Conselho Deliberativo.

Nenhum deles pode olhar para o filho ou para o amigo e dizer que é conselheiro do Atlético.

Se resta dignidade como atleticano nesses conselheiros, deveriam renunciar formalmente ao cargo.

Projeto

É matéria provocante essa da Tribuna: do time de janeiro do Coritiba, só restaram o goleiro Wilson e o zagueiro Thalisson Kelven. Da esperança de uma base com os juniores, só Thalisson. Isso pode sugerir que o projeto de renovação do time pela base teria fracassado.

Entendo que não deve ser essa a conclusão. O que não há (e não é de hoje) visão para fazer uma avaliação correta dos times inferiores como projeção para o futuro. O Coritiba é um exemplo. O maior exemplo da falta de capacidade para essa análise, é o Atlético. Entre nós, é o que mais investe na estrutura do Caju para revelar jogadores. O seu limite nos últimos anos é Matheus Rossetto.