Derrota sem fantasia

Se esperam que eu vá usar lanças para atingir Fernando Diniz, então, não sigam com a leitura. Entre os meus defeitos como analista, não está o oportunismo.

E já vou escrevendo: o Atlético perdeu um jogo, que não merecia perder. Renunciando ao futebol de fantasias, estava sendo um time normal. Sem a vaidade dos extremos e dos excessos, sem a falsa dinâmica da naturalidade, adotava a humildade. Bem por isso, até chutão e carrinho se permitiu a dar.

Quando precisou submeter-se ao excelente Cruzeiro, ficou atrás; quando precisou sair para jogo, foi agrupado, o que lhe organizou para fechar os espaços para o talentoso time mineiro, diminuindo os riscos. Com Raphael Veiga no lugar de Nikão, ganhou mais estética. Tudo resultou na vitória parcial no 1º tempo com o gol de Carleto, de falta.

Mas para fazer o seu melhor jogo do ano, o Furacão precisou ir além dos limites. E futebol não tem segredo: quando time vai ao limite sem qualidade individual, em dado momento cansa, recua, e a queda é a consequência.

Com a saída de Raphael Veiga por contusão e Lucho González por cansaço, o time se desorganizou. Quando o bom futebol é consequência só da superação, tudo pode acontecer. Como a bola que Henrique chutou e que Tiago Heleno desviou do goleiro Santos, no gol de empate; e como a falha de Zé Ivaldo, que autorizou Raniel ficar na cara de Santos e fazer o segundo gol, da vitória.

Ganhou quem tem qualidade. O resto é conto da carochinha.

Lamentações

Pouco tenho escrito é verdade, dos coxas. Eles reclamam, mas tenho uma forte razão: as notícias que são projetadas lá do Alto da Glória, não são saudáveis.

Se não bastasse a conclusão do balanço de que o Coritiba, contabilmente, não tem condições de operar, o presidente Namur publica arrasando com o clube.

O balanço oficial obriga qualquer um concordar com a situação de penúria do Coritiba. Mas, quando o dirigente estimula publicamente essa verdade, está ampliando a sua consequência negativa.

Já faz tempo, que o ideal, que às vezes teimamos em exigir, submete-se ao interesse comercial. Então, pergunto: quem se dispõe a fazer grandes negócios com o Coritiba, se os seus próprios dirigentes transformaram o Couto Pereira em um muro de lamentações?

Os dirigentes coxas lembram o bordão de leão Lippy e a hiena Hardy dos desenhos infantis: “Oh vida, oh céus, oh azar, isso não vai dar certo!”

Às vezes as dívidas não são tão graves como o pessimismo para enfrentá-la.