Custo benefício

O Atlético não se submeteu à pressão da torcida ou do dinheiro: Walter e Vinicius, que chegaram como as diferenças para a formação do “grande time” foram mesmo embora. Em relação a Vinicius entendo que foi uma perda a partir do argumento de Autuori de que o meia sacrificava a sua excelência condição técnica por conta do esquema. Quanto a Walter a análise exige coerência. Não há mais condições para os clubes, por conta de uma idolatria passageira, cometer excessos.

O valor de qualquer jogador tem que ser limitado a três elementos: o custo total do contrato, o seu rendimento técnico e a perspectiva de lucro em futuro negócio. Dessa composição é que deve vir a conclusão se vale ou não o sacrifício de contratá-lo ou mantê-lo.

Por dois anos, entre salários, luvas e o pagamento para o Porto da indenização sobre um percentual os seus direitos de transferência, pode se presumir que Walter estava exigindo do Atlético um gasto próximo de 400 mil reais. Como se vê, Walter não custava barato. Tratando-se de Atlético Paranaense, um time de centro periférico do futebol brasileiro, cuja média de público na Baixada não passa de 15 mil torcedores, era uma carga financeira pesada.

Vem o segundo elemento, o mais importante: o benefício técnico. Walter há tempo não faz um grande jogo. Seus gols passaram a ser material de segunda, ao ponto de não encher uma mão nesse 2016. A marca que ficou foram os gols que deram o título estadual ao Atlético. Mas se for considerar só isso, surge aquele excesso que eu tratei no início, que nenhum clube sério pode cometer nos dias de hoje. O aspecto temporal da má fase de Walter é relevante. Não estamos tratando de um ou dois meses, de oito meses.

E, aí, vem o terceiro elemento conexo aos anteriores: qual seria o benefício financeiro que o Atlético teria em dezembro de 2017, quando termina o contrato de Walter? Ele estará com 29 anos de idade, continuará com o peso que contraria qualquer princípio de atleta profissional, e livre pela lei para ir embora.

Nada como ilustrar a análise do custo benefício de um jogador com um exemplo prático. Transporte todos esses elementos para Weverton, agora, definitivamente, um dos goleiros da seleção brasileira. Já há tempo é o inverso de Walter: seu custo benefício a favor do Atlético é o maior do futebol brasileiro.