Coração e razão

Na Baixada, Atlético 5×4 Tubarão (SC). O Furacão segue na Copa do Brasil. Com o coração usado como pena para escrever, a vitória do Atlético foi um fato histórico: a contagem de gols, as alternativas surpreendentes do placar, o sentimento de perda absorvido pelo empate com gol do pior jogador em campo (Tiago Heleno, seguido de Paulo André), o gol da vitória, pelo jogador imposto pela lucidez pela torcida (Gedoz), quando o relógio batia o final, tudo isso é inesquecível.

Mas vamos dar um descanso para o coração rubro-negro, deixando-o fora da análise. Usá-lo, seria continuar enganando-o e protegendo seu predador.

Usemos a razão como pena para escrever. E, aí, escancara-se uma verdade que maltrata os atleticanos: a vitória por 1×0, iria comprometer menos a atuação do time, do que os 5×4. A vitória com um placar simples, poderia até sugerir alguma virtude. As deficiências poderiam ser remetidas à tentativa de um novo esquema, de um técnico que se diz futurista, todos (esquema e técnico) dependentes de tempo.

Mas, uma vitória por 5×4, tendo que ser buscada quase sempre em desvantagem, contra um time semi amador, permite afirmar que o futuro desse time é temário.

A razão, ao contrário do coração (esse afirma tudo), não permite analisar o placar e o jogo do Furacão, sem associá-los. Bem por isso, não se pode exaltar os cinco gols marcados, e esquecer o 4 gols sofridos, embora esses tenham sido absorvidos pela classificação.

Os gols que Santos tomou foram resultado de um esquema irresponsável, projetado por um treinador sem equilíbrio, que ofereceu a pior versão do Atlético nos últimos tempos. E, não se engane que é começo de trabalho. Um treinador sem equilíbrio, no fundo acaba não sabendo o que quer.

Dou-lhes uma prova: o Furacão de ontem foi infinitamente inferior ao Furacão que jogou em Caxias. Dito de outra forma: quanto mais treina, mais regride, porque essa é a única consequência de um esquema especulado. Ontem a derrota foi evitada, porque o time abandonou as ordens de comando e passou a jogar por si próprio.

Um fato relevante: 8 mil pagantes na Baixada. Em duas decisões, o Furacão não conseguiu levar 20 mil torcedores. Quando afirmo que Petraglia esvaziou o clube, os números me amparam.