Bem além da ilusão

O Atlético continua no paraíso.

Com um jogo extraordinário no Morumbi, possível somente para um eleito, avançou na Copa do Brasil. O excepcional desta vez foi o seu preparo emocional para absorver dois gols sofridos, diante de um São Paulo frenético, reagir sem nenhum trauma e alcançar o empate de 2×2, que lhe era o bastante.

E, aqui, ofereço a minha rendição ao treinador Fernando Diniz. Não pelo que o Furacão jogou, embora os quinze minutos iniciais do segundo tempo, tenham composto um jogo de exceção, inesquecível. Minha rendição é porque o treinador não tem a vaidade de insistir em equívocos, mas a humildade de reconhecê-los, e intervir.

Com uma surpresa negativa, o Furacão começou inseguro e espalhado, com Lucho e Camacho desprotegendo a zaga, tornando Paulo André e Heleno, ainda mais vulneráveis do que já são. Talvez nem mesmo o treinador atleticano surpreendeu-se com o gol de Valdivia, em falha de Paulo André (1×0), e com o gol de Nenê, em falha de Tiago Heleno (2×0).

Concordo: um gol, ainda no 1º tempo, quando para classificar basta o empate, encurta o caminho do treinador no vestiário. Mas aí é que Fernando Diniz mostrou as suas virtudes: quando seria natural o treinador mandar o time usar todo o tempo restante para empatar, não correndo riscos de sofrer o terceiro gol, corrigiu a falha de marcação do meio, avançando todas as suas linhas. Invertendo jogadas de lado a lado, desconstituiu a organização do São Paulo.

Precisou apenas de quinze minutos inesquecíveis do Furacão. O gol de empate (2×2) marcado por Rossetto, foi o corolário perfeito, desses momentos soberbos de um Furacão, que Diniz agora, com toda a vaidade, pode chamar de “meu”. Pablo ganhou uma bola no lado esquerdo, e quando chegou ao fundo, inverteu para a direita. Rossetto vindo de trás pegou a bola sozinho e empatou.

O São Paulo murchou, foi à depressão.

A supremacia tática e individual do Atlético afastou qualquer risco de fatalismo, que no final, só seria provocado pelo ocaso.

O melhor em campo foi Rossetto.

É porque Fernando Diniz não joga.