Anônimos e covardes

Se, ainda, não foi, vá ao site do Atlético. Lá está publicada o que o próprio editor do site supõe ser uma nota oficial. É um texto sem autoria, de péssima retórica, com ideias largadas, parágrafos desconexos, e pobre em fatos. Quem escreveu, sugiro ler “Como escrever bem”, o clássico manual americano de William Zinsser. O site do Atlético precisa ser bem escrito.

Bem resumida a nota apócrifa sob o título “Os pedidos de desculpas que ainda faltam”, quer antecipar que serei processado, e que não se aceitará a desculpa que pedi a Mauro Holzmann.

Já escrevi que não existe nada mais covarde do que uma mensagem anônima. Foi de uma carta anônima que a Polícia Federal passou a investigar Mário Celso Petraglia, o presidente oculto, por supostas contas no exterior. E expus a minha preocupação que isso fosse repercutir no Atlético.

E vejam como eu tinha e continuo tendo razão: agora mesmo, a Procuradoria Geral da República abriu o processo nº 1.25.000.00430/2017-53, para investigar toda a movimentação de dinheiro da construção da Baixada. Embora não motive expressamente, o que quer é alcançar o doutor Petraglia, pegando o Atlético em cheio.

Qualquer manifestação anônima é prova de covardia. Os dirigentes do Atlético, ao não assinarem a nota oficial, mostraram-se covardes. Marionetes de trapo, copiando a expressão de Gabriel Garcia Marques.
A reação desses dirigentes é própria do desconforto que alcança um sistema. Preocupados, querem calar verdades com ameaças de processos. Desde a tenra idade, é só o que Petraglia faz: processar. Quando vence, não é por ser inocente, mas por falta de provas. Não conseguiu provar inocência na “Operação Uruguai”, quando mais de 60 milhões de reais deixaram de cair na conta do Atlético.

Mas não obstante ser anônima, a nota acaba me enchendo de orgulho. É que eu não tinha a exata dimensão da importância da minha opinião. Nunca imaginei que iria alcançar os interesses, que hipotecaram e permitiram a penhora de todo o patrimônio do Atlético. E que esvaziando o seu patrimônio mais valioso (bem mais que a Baixada), que é a sua torcida, resultando em um calote na paixão rubro-negra.

Essa coluna é uma homenagem aos anônimos e aos covardes.