A torcida deliberada

O sistema de “torcida única”, idealizado pelo promotor Deliberador, pode inspirar uma extensa coleção de juízos. Mas, na prática, só pode receber um adjetivo: cinzento, uma agressão aos principios básicos de segurança. Enquanto busca-se criar mecanismos para sempre identificar e expor o torcedor violento, a proposta lhe oferece um passe, infiltrando-o.

Explico. O sistema não é de torcida única. É de duas torcidas: a do time da casa, que é identificada; e a outra, do adversário, que pode entrar, sem a identificação visual. Mas, como no futebol “ninguém é filho de chocadeira”, como dizia o saudoso João Saldanha, a torcida adversária vai torcer, vibrar, aplaudir e quando tiver que ocorrer, será inevitável o confronto entre as duas.

E os geniais dirigentes do Atlético a adotaram, colocando em risco a segurança da Baixada face às regras de disciplina das competições. Para os efeitos da regulamentação do sistema, só a torcida atleticana estará dentro da Baixada. Nem a excludente do ato praticado pela torcida adversária, o Furacão poderá oferecer em sua defesa. Imagine um Atletiba decisivo com essa “torcida única” do doutor Deliberador.

ácil de presumir a consequência, é possível afirmar que o sistema proposto não é dos mais inteligentes.
Coritiba e Paraná tiveram o bom senso de não aceitá-la.

Limites

Assim falou Fernando Diniz: “São quatro derrotas seguidas, mas até o jogo do Palmeiras, tava um ‘auê’ que não tinha muita razão. Parecia que era um supertime. Agora, diante das derrotas, provavelmente têm muitos questionamentos. Não é uma coisa e nem outra”.

Mas, então, porque o treinador não diminuiu o entusiasmo daqueles que o colocaram em um pedestal de revolucionário?

Engana-se Diniz quando afirma que o time “não é uma coisa nem outra”.

Para quem não ganha há sete jogos, para quem perde há quatro jogos, e pode iniciar a semana na zona do rebaixamento, só pode ser uma coisa.