A testemunha

Na Justiça do Trabalho há magistrados que não concordam com um ato trabalhista que concentre todas as execuções em uma única vara. Em uma disfarçada recuperação judicial, o clube consegue evitar as penhoras de seus créditos. Esses magistrados que resistem, como qualquer pessoa comum, sabem que as relações entre clubes e terceiros são promíscuas.

O Paraná, é fato notório, é beneficiário desse ato. Mas esse caráter social, que em regra atua para proteger o trabalhador pode ser trânsito para tornar vulneráveis as decisões judiciais.

Já sob intervenção judicial desde dezembro de 2017, portanto, em já em fase judicial de impedimento, o Paraná negociou o lateral direito Cristóvam com um time da Coreia do Sul. No processo, juntou um contrato assinado em 18 de janeiro de 2018 que cedeu 50% (cinquenta por cento) a título de intermediação com a empresa BBM SPORTS, do agente Paulo Afonso, com sede no Guarujá.

Dos 200 mil dólares do preço do negócio, 100 mil dólares líquidos foram para o agente, ficando o Paraná com 50 mil dólares e o Jotinha com 50 mil dólares, pois dividiam os direitos econômicos.

Vejam bem: não foram 10% que é usual, e nem 20%, que às vezes, têm que ser engolidos. No caso, foram 50%, e mais os encargos suportados pelos clubes. O Jotinha não assinou o documento.

A gravidade dos elementos do contrato não se esgota no valor nominal em si, embora fosse o bastante tratando-se do Paraná que bateu na Justiça laboral com o chapéu na mão. Os fatos mais grave são que o contrato foi assinado em 18 de janeiro de 2018, sem autorização do Juiz, dando 50% para o empresário, tendo como testemunha, vejam quem, o gerente de futebol do clube Rodrigo Pastana.

O fato de ter sido autorizado no processo o levantamento do dinheiro para ser repassado ao intermediário, não diminui a gravidade. O fato grave é pagar 50% para o empresário como intermediação. Não há um caso na história do futebol brasileiro, de um clube que tenha pago 50% como comissão para um agente.

Há, também, o caso do atacante Alemão. Mas esse é um outro problema. Esses fatos não podem ficar dentro de um processo. Para o bem do próprio Paraná.