TPM não é doença, mas causa muitas queixas

Nenhuma mulher em idade reprodutiva está livre dos efeitos (invariavelmente desagradáveis) da tensão pré-menstrual, a tão falada e pouco explicada TPM, um conjunto de sintomas físicos e comportamentais que ocorrem na segunda metade do ciclo menstrual.

O desconforto pode ser classificado como leve, quando há sensibilidade emocional, como choro, irritabilidade ou vontade de consumir doces; ou severa, quando a tensão interfere significativamente na vida da mulher e a impede de realizar atividades rotineiras. Cerca de 30% das mulheres queixam-se de sintomas típicos do distúrbio todos os meses.

A ginecologista Rosa Maria Neme explica que a TPM está relacionada à queda abrupta dos níveis hormonais, que serão responsáveis pela menstruação. “Pesquisas indicam que existe uma íntima relação entre os hormônios sexuais femininos, as endorfinas (substâncias naturais ligadas à sensação de prazer) e os neurotransmissores, como a serotonina, que explicam os sintomas e sua severidade em, aproximadamente, 10% das mulheres”, comenta.

Os números atestam que 80% das mulheres com idade entre 18 e 35 anos já sentiram alguns dos sintomas do distúrbio. “Quase a totalidade delas, atribui à síndrome, sintomas físicos e emocionais que as prejudicam no dia-a-dia”, relata professor de ginecologia Carlos Alberto Petta.

Por outro lado, para quem sofre de cólica no período menstrual os especialistas dão o alerta: esses sintomas podem estar relacionados a outros problemas, como endometriose, por exemplo, mas não representa uma alteração típica acionada pela TPM.

O distúrbio se caracteriza pela combinação de alguns sintomas, que se repetem por meses seguidos. Mais de 150 deles já foram citados.

Qualidade de vida

Os sintomas comportamentais e físicos da TPM variam de pessoa para pessoa. Os mais comuns são a irritabilidade, alteração de humor, depressão, ansiedade, dores nas mamas, aumento do apetite (principalmente relacionado ao consumo de doces), dores de cabeça e inchaço no corpo.

Outras mudanças, como distúrbios do sono, cansaço, dificuldade de concentração, dores musculares e ganho de peso podem estar presentes. “O impulso de ingerir doces nessa fase está ligado a uma alteração dos neurotransmissores cerebrais, principalmente a serotonina, que gera uma alteração no centro de controle do apetite”, esclarece Rosa Neme, esclarecendo que, em casos mais severos, o critério que irá determinar a gravidade é a quantidade de sintomas e o quanto isto afeta a vida rotineira da mulher.

Geralmente os sintomas da TPM aparecem de sete a dez dias antes da menstruação e desaparecem poucos dias após o seu final. A forma mais severa é conhecida como síndrome disfórica pré-menstrual e apresenta impacto negativo na qualidade de vida da mulher, afetando as relações e atividades sociais e a produtividade profissional.

“O diagnóstico é confirmado quando a paciente apresenta cinco sintomas físicos ou emocionais, sendo um deles obrigatoriamente emocional, em pelo menos sete ciclos dos últimos 12 meses”, explica Petta.

Equilíbrio

Mas como evitar ou diminuir as mudanças bruscas no humor e no organismo feminino?

Para José Bento de Souza, ginecologista e obstetra, mesmo com todo o sucesso que as mulheres vêm conquistando na vida profissional, conseguindo conciliar vida familiar, carreira e atividades sociais com muito jogo de cintura e disposição, elas ainda têm que enfrentar esse obstáculo que parte do seu próprio organismo e que, muitas ve,zes, nem mesmo é reconhecido como um problema.

A pesquisa indicou que, apesar de quase a metade das mulheres (47%) reconhecerem que a TPM interfere tanto no trabalho quanto na vida familiar, o tratamento médico só é procurado por pouco mais de 30% delas.

“De todas as mulheres que sofrem com o distúrbio, 50% delas precisam de tratamento médico e 5%, de apoio psiquiátrico”, alerta o médico.

Para controlar a TPM, Rosa Neme diz que o ideal é manter uma vida equilibrada e realizar exercícios físicos aeróbicos regulares. “Sabe-se que a prática dos exercícios, além de aliviar o estresse, mantém os níveis hormonais mais estáveis e, dessa forma, evitam as alterações bruscas de humor”, reconhece.

Outro ponto que deve ser considerado importante é a alimentação. Sintomas da TPM que ocorrem cerca de 10 dias antes da menstruação, podem ser causados por baixas de cálcio e vitamina B6 no organismo.

Assim alimentos ricos em cálcio, como leite, iogurte, queijo, sorvete (em versões desnatadas e menos gordurosas). Peixes, salmão, vegetais verdes também são importantes.

Outros alimentos, como banana, batata, lentilha, carnes, grãos integrais, vegetais verdes, abacaxi, manga e milho são ótimas fontes de vitamina B6. Alimentos ricos em fibras, como frutas, legumes e verduras em geral, podem também auxiliar na diminuição dos níveis de estrógeno nessa fase do ciclo menstrual, melhorando os sintomas da TPM.

Os contraceptivos são aliados

Atualmente, a utilização de métodos hormonais que bloqueiam a menstruação, como o sistema intra-uterino medicado com progesterona e o uso de novas pílulas contraceptivas de última geração que apresentam o hormônio progesterona com efeito diurético, têm sido considerados as novas armas no combate ao problema.

Tratamentos com vitaminas, fitoterápicos até medicações mais potentes, como antidepressivos, também fazem parte das indicações médicas. Elas dependerão da gravidade dos sintomas. A psicoterapia também pode ajudar bastante, deste que seja prescrita pelo médico.

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